Fonte https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/eu-escolhi-sair-da-veja/
Eu, Felipe Moura Brasil, escolhi sair da VEJA após três anos e meio de sucesso deste blog, inaugurado em 2 de dezembro de 2013.
Meu contrato se encerra na segunda-feira, 1º de maio de 2017.
Fui mais uma vez avisado pelo setor administrativo de que a empresa iria renová-lo nos mesmos termos, mas comuniquei aos atuais diretores que recebi uma proposta irrecusável de outro veículo, para o qual começo a produzir meus programas em vídeo e escrever textos já na terça-feira, 2.
Os 500.000 leitores que até o momento me seguem no Twitter, e as outras centenas de milhares que o fazem no Facebook, no Youtube e no Instagram, poderão saber das novidades e continuar acompanhando normalmente o meu trabalho.
Agradeço a vocês pela participação, pelas milhões de visualizações mensais que o blog alcançou neste que foi o período mais turbulento da história recente do Brasil, e pelo meu 1º lugar no ranking dos maiores influenciadores políticos do país no Twitter em pleno ano de impeachment da suposta presidente da República, Dilma (ou melhor: 2ilma) Rousseff.
Graças a toda esta repercussão, meu trabalho felizmente também ganhou projeção no exterior.
Fui o primeiro brasileiro a ser convidado para roteirizar e apresentar um vídeo para a Prager University, gravado em Los Angeles, nos Estados Unidos. A versão em inglês de “Como o socialismo arruinou o Brasil” alcançou 7,5 milhões de visualizações só no site e no Facebook da PragerU; e a versão em português, outros milhões em numerosas páginas (como esta) que o reproduziram do original.
Para a TVeja, roteirizei, editei e apresentei ainda dezenas de vídeos que se tornaram virais na internet, como “Lula rebaixa Deus à sua imagem e semelhança” (830.000 visualizações só no Facebook de VEJA) e “O dia em que Sérgio Moro desmascarou Lindbergh Farias” (630.000, idem).
Com meus queridos Silvio Navarro e Augusto Nunes, formei um trio bem-humorado a comentar os assuntos da semana às quartas e sextas no programa “Sem Edição”, depois rebatizado de “Estúdio VEJA”, que rendeu, com frequência, a maior audiência ao vivo do canal, além de muitas risadas, nossas e dos espectadores.
Repetidamente, os acertos das minhas análises foram confirmados pelos fatos, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, como no caso mais emblemático, o da eleição americana de 2016, que me rendeu até convite da Rádio Gaúcha para explicar por que fui o único jornalista da grande imprensa brasileira a apontar a vitória de Donald Trump como natural.
Sobre terrorismo, alertei contra a retirada das tropas americanas do Iraque e antecipei a infiltração de jihadistas em meio a crise de refugiados na Europa quando ninguém falava do assunto – antes de virar modinha pós-massacres – em 14 de setembro de 2015, no programa “Contexto”, como relembrei no vídeo “O politicamente correto ajuda novamente o terror”.
Das numerosas refutações de mentiras midiáticas e oficiais, destaco meu vídeo “Farsa desmontada: Trump não ridicularizou deficiência de repórter” (164.000 visualizações), depois ainda mais esmiuçado no post viral “As mentiras de Meryl Streep contra Donald Trump”, que rendeu o seguinte comentário do autor Flávio Gordon no Facebook:
“O que o Felipe Moura Brasil tem feito é digno de todos os aplausos, por ser algo absolutamente único na grande imprensa brasileira de nossos dias: trata-se de um trabalho de verdadeira restauração jornalística.
É um esforço tão minucioso e paciente como o de um restaurador de antiguidades, um historiador, arqueólogo, museólogo etc. Um trabalho artesanal.
Seus textos na Veja buscam preencher as lacunas entre as versões sedimentadas, ligar as pontas soltas, recuperando todos os passos pelos quais um determinado fato foi sucessivamente distorcido pela militância jornalística, soterrado sob uma montanha de mentiras e meias-verdades, que por sua vez transformam-se em fundamento de novas mentiras e meias-verdades, e assim sucessivamente, até que o fato original tenha sido totalmente esquecido.
Não deixem de ler! Pelo bem da sua inteligência. É jornalismo no sentido mais nobre do termo, no ponto em que ele mais se aproxima da boa pesquisa histórica.”
Destaco também meu vídeo de janeiro de 2017 “Quem quer bandido solto mente sobre população carcerária”, no qual expus a maquiagem oficial de dados, apontada aqui desde abril de 2014, sobre as posições do Brasil no ranking mundial de número de presos. Esta refutação serviu de base para artigos de autoridades publicados pela imprensa, como o do ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, “Vício e violência”, na Folha de S. Paulo, e o do promotor Luciano Gomes de Queiroz Coutinho, “Prender ou não prender? Eis a questão”, no Estadão, para citar apenas os que gentilmente me comunicaram.
Das análises minuciosas de decisões do Supremo Tribunal Federal, é oportuno lembrar o artigo “Os truques de Barroso e PSOL para legalizar o aborto”, cujo texto foi parcialmente condensado no vídeo “Barroso e PSOL abortam o Poder Legislativo”. Outros truques de Barroso, como no famigerado caso do rito do impeachment, ficaram registrados no meu vídeo “O golpe do STF explicado”, ao qual vale acrescentar, só de sobremesa, “O flagrante da hipocrisia de Barroso”.
Meu período como colunista da VEJA coincidiu com o auge do desgoverno e da desfaçatez petistas – resumidos em minha entrevista ao podcast de Bruno Garschagen –, de modo que agora me diverte o desgosto da esquerda com o efeito criminoso das próprias ideias.
As delações da Odebrecht confirmaram ainda o uso de dinheiro roubado dos brasileiros durante os governos do PT para financiamento de regimes socialistas da América Latina – “sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política”, como dissera Lula em discurso oficial de 2005, no aniversário de 15 anos do Foro, entidade esquadrinhada em posts e vídeos virais deste blog, sem falar no best seller de Olavo de Carvalho, idealizado e organizado por mim, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.
(Dos prazeres menores, aliás, gosto de ter acertado a previsão sobre a boquinha que Dilma daria a Roberto Amaral, lulista do Foro.)
Sobre o Rio de Janeiro, onde nasci e vivo, denunciei incansavelmente a farsa da “pacificação”, expus o “bonde da farsa: Lula, Dilma, Cabral, Paes e Pezão”, expliquei o desastre econômico e político-criminal no vídeo “Rio é mini-Venezuela” e apresentei “As provas do cinismo de Marcelo Freixo sobre Black Blocs” (151.500 visualizações), que acabaram sendo parcialmente usadas pelo então candidato a prefeito Marcelo Crivella em inserções na TV.
Sempre que possível, entre um escândalo e outro, este blog também tratou de literatura, cinema, música e futebol, feliz ou infelizmente com acertos até sobre o vexame do Brasil na Copa do Mundo de 2014.
Tudo isto só foi possível porque a editora Thais Oyama descobriu e quis trazer à VEJA meu trabalho, iniciado na internet dez anos antes, em 2003.
Colunistas ao mesmo tempo irônicos e críticos da esquerda dominante nos meios políticos e supostamente culturais brasileiros são malvistos, demonizados e/ou boicotados na imprensa, mas Thais acreditou que meus artigos cairiam no gosto do público, como de fato aconteceu.
Agradeço imensamente a ela pelo espaço ao contraditório, bem como pelo apoio e pela lealdade em todos os momentos de transformação pelos quais passa um grande veículo.
Foi uma honra, também, trabalhar com Silvio e Augusto; com Carlos Graieb; com a parceiríssima Nathalia Watkins; além de Leslie Leitão, o melhor repórter policial do Brasil.
Agradeço por fim à turma da TVeja, em especial Xande, Nicole, Milibi, Bruna, Isa e Vivi, que sempre me ajudaram com carinho em São Paulo.
Eu escolhi sair da VEJA e seguirei em frente, bem ali do lado contrário ao dos protagonistas da corrupção, da doutrinação, da ideologia, da mentira e do cinismo, sempre tendo como lema a frase de Lima Barreto:
“Troça e simplesmente troça para que tudo caia pelo ridículo.”
Muito obrigado, meus leitores.
Um grande abraço,
Felipe Moura Brasil
Rio, 27 de abril de 2017.