Fonte http://www.listasliterarias.com/2019/11/10-escritores-e-escritoras-brasileiras.html
10 Escritores e escritoras brasileiras recentemente censurados
A vexatória prática da censura, deslavada, descarada ou dissimulada, a se observar por algumas listas aqui no blog, é prática comum entre ideólogos do autoritarismo, incapazes de conviver com o divergente – ou mesmo de se ignorar o absurdo, se o caso. O fato é que vivemos tempos de censura, se não – ainda – institucionalizada como outrora neste país, de uma forma recorrente e em diferentes frente de combate. A censura voltou – com ela o risco da autocensura – e nessa lista selecionamos 10 escritores/as brasileiros recentemente censurados, confira:
1 – Luísa Geisler: A jovem escritora gaúcha, indicada pela Granta como uma das principais autoras jovens do país, é o mais recente exemplo de posturas fascistoides de como a praga da censura vem se espalhando por aí. A autora foi desconvidada pelo Município de Nova Hartz – RS a participar de sua feira do livro por considerar “inadequada” a linguagem utilizada pela autora;
2 – Luiz Puntel: Nem mesmo antigos clássicos da coleção Vaga-Lume estão a salvo do ódio que dá combustível à censura. Em 2018, grupos de pais do Colégio Santo Agostinho desencadearam campanha de censura ao livro “Meninos Sem Pátria” usando da velha e batida denúncia de “apologia comunista”;
3 – Miriam Leitão: Nem mesmo pensadores de perfis à direita estão a salvo da perseguição da censura. Algoz dos governos petistas, período em que não vivenciou nada tão dramático, bastou algumas críticas da autora ao governo Bolsonaro, para que se ultrapassem os ataques digitais e se chegasse à censura de sua participação na Feira do Livro de Jaraguá do Sul – SC deste ano;
4 – Sérgio Abranches: Nesse caso a censura por meio do desconvite foi extensiva ao cônjuge, o sociólogo e cientista político autor de diversos livros, também desconvidado desta Feira do Livro;
5 – Ignácio de Loyola Brandão: Um dos meios eficientes de censurar e não parecer estar censurado é a tática da falta de recursos. Essa teria sido a aparente razão do desconvite da Feira do Livro de Brasília deste ano a Brandão e a outros autores. Todavia, bem verdade que o próprio escritor, censurado na ditadura, revelou ter sido desconvidados ao longo de sua vida para muitos eventos, deixando no ar, que muitos deles em razão da natureza crítica de seu trabalho;
6 – Chico Alencar: Também em uma escola particular, dessa vez em Brasília, por pressão de parte de um grupo de pais, o livro infantil A Semente do Nicolau foi retirada do acervo da biblioteca pelo simples fato de a obra ser do Deputado Federal do Psol;
7 – George Furlan: Depois de ser financiado por um Fundo Municipal de Cultura da cidade de São José dos Campos – SP, o livro foi recolhido acusado de “extrapolar as regras da legalidade” depois de constatarem que a obra tinha críticas a Bolsonaro;
8 – Geraldo Carneiro: Censurado na ditadura militar, o membro da ABL surpreendeu-se ao ser censurado em pleno Século 21, quando um texto seu para uma peça de teatro foi censurado pelo Sesc Copacabana;
9 – Ricardo Lísias: Outro pertencente a uma renomada geração de jovens autores, o autor teve proibida a leitura de O Céu dos Suicidas em uma aula do terceiro ano do médio em uma escola do SESI-SP;
10 – Ana Maria Machado: Certamente um dos nomes – se não for o mais – mais relevantes da literatura infanto-juvenil brasileira, a autora teve de em 2018 de lidar com os tribunais do Whatsapp e redes sociais quando a turba criou intensa confusão e tentativas de censura ao atacar seu livro de 1983, O Menino que espiava para dentro dizendo tratar de apologia ao suicídio infantil.