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10 Melhores livros brasileiros da década [2010-2019]

Fonte http://www.listasliterarias.com/2019/12/10-melhores-livros-brasileiros-da.html

2019 não encerra o ano propriamente, mas toda uma década. Uma década cada vez mais bizarra é bem verdade e das mais estranhas movimentações. Tomando esse final de década resolvemos listar os 10 romances nacionais que mais nos intrigaram neste período de leituras e avaliações aqui no Listas Literárias, confira:
1 – Desesterro, de Sheyla Smannioto: Com toda a subjetividade presente, uma boa técnica para encontrar as leituras significantes é o exercício de puxar pela memória “que livro me impactou em tal período?”. Quando penso nas leituras dos últimos 10 anos, Desesterro sempre volta à lembrança. Aí largando a subjetividade do questionamento anterior, podemos partir para a observação criteriosa. O trabalho vencedor do Sesc 2015 é um primor estético, mas não só isso, trata-se de uma relevante literatura feminista não pelo panfletarismo, mas sim pela riqueza da abordagem da literatura que com toda a verve naturalista e cruel joga diante dos leitores o ato perigoso e dramático que é ser mulher neste país. Não seria injusto concebê-lo como um dos mais pungentes romances desta década;
2 – Depois do Fim, de Alex Bezerra de Menezes: Pretendo ainda escrever algo sobre livros [quase] nunca lidos para tratar de publicações longe do sistema editorial convencional que às vezes temos dificuldade até de compreender o alcance de um trabalho. Pode ser o caso deste livro, que noutro sentido aponta que o mercado editorial convencional ainda encontra grande dificuldade de abrir-se a novos e competentes nomes. Ambientado nos anos noventa, o romance é um verdadeiro primor enquanto abordagem da linguagem. E vai além disso, terá em seu interior, a reflexão de dilemas e incômodos que nos acompanham por diferentes momentos e movimentos literários;
3 – Enterre seus mortos, de Ana Paula Maia: Seu universo sombrio, pútrido e selvagem parece nos distanciar da realidade e mesmo do Brasil, mas ao fazer isso, ela desnuda as vísceras dos dramas poucas vezes percebidos pela intelectualidade refém de uma teoria [e não prega-se aqui a anti-teoria, mas sim a relação de reciprocidade entre teoria e literatura, e não de submissão] mais preocupada com a referência do que captar a realidade sombria que nos cerca. Maia faz isso de um modo visceral neste livro;
4 – Marrom e Amarelo, de Paulo Scott: O romance já vem despontando nas principais listas de romances deste ano. Pode-se pensar que a obra talvez seja uma das visões mais lúcidas do problema do racismo estrutural no Brasil e seu mérito está justamente em talvez não vir carregado de soluções prontas ou relativizações simplistas tratando como fácil a conscientização de um problema complexo e trágico na perspectiva de quem de fato ambicione uma sociedade civilizada. Scott expõe justamente o quão difícil é este combate e como ele está entranhado em cada pedacinho deste país;
5 –  Como se estivéssemos em palimpsestos de putas, de Elvira Vigna: último romance da escritora revela-se uma narrativa das frustrações, das negações, dos não acontecimentos. A palavra não será repetida às centenas de vezes numa narrativa que trata de elos puídos, frágeis. Percebemos um mundo que se desfaz enquanto se toma uma postura resignada, absortos todos na incapacidade de qualquer [re]ação;
6 – A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Sphor: A primeira edição do romance fantástico épico foi em 2009, mas foi em 2010 com sua publicação pela Verus que a obra mudou o paradigma da literatura de fantasia no país. Com isso criou quase que um movimento pelo fantástico impulsionado pelo público “nerd”. Contudo, sua força não está apenas nos números de mercado e alcance, o romance inicial é uma excelente narrativa no gênero e de uma grandíssima qualidade;
7 – O Filho mais velho de Deus e/ou Livro IV, de Lourenço Mutarelli: Não ligo muito para talvez ser das poucas pessoas a encontrar qualidades nesta tresloucada obra sob encomenda. Contudo, talvez em termos de literatura nacional a obra seja das poucas capaz de captar com exatidão esse mundo global tomado por paranoias, intrigas e conspiração, tudo isso filtrado por uma sátira do absurdo e com uma das narrativas mais intertextuais de nossa literatura. Um livro que te abre a diversas e possíveis interpretações;
8 – A Segunda Pátria, de Miguel Sanches Neto: Ao nos entregar uma versão alternativa da história dando conta da vitória nazista e de seus tentáculos no Brasil, especificamente na região de Santa Catarina, o livro trata e reflete um bocado a própria década revelando que o pensamento totalitário, xenófobo e racista está em nossos quintais;
9 – Oeste, a guerra do jogo do bicho, de Alexandre Fraga: A literatura das corrupções cariocas é farta, e nesse livro temos assim como em Cidade de Deus e outras narrativas, a égide da violência a partir da perspectiva das relações entre os principais bicheiros da cidade e a guerra travada no submundo. Em seu gênero é imbatível, mas não apenas isto, pode o leitor-mergulhador encontrar nas estruturas retratadas uma interessante crítica de um Estado que falhou miseravelmente em organizar-se;
10 – Esta Terra Selvagem, de Isabel Moustakas: Enxuto, violento, visceral e abrupto. Os acontecimentos e o enredo deste breve romance [ou novela] resumem bem esta década de intolerância e ódio.

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