Fonte http://www.listasliterarias.com/2020/01/10-motivos-que-comprovam-que-bolsonaro.html
10 Motivos que comprovam que Bolsonaro está implantando o "Socing" no Brasil
Tem muito “cabecinha de osso pra sopa” que lê 1984, de George Orwell e interpreta da maneira mais pobre possível, “ain, é um livro contra os comunistas, contra Stalin!”. Queridões e queridonas, a porca do parafuso tem mais roscas que suas filosofias podem imaginar, e o que não faltam são leituras e críticas relevantes demonstrando que a crítica de Orwell é mais ampla que isso [o ensaio de Erich Fromm é boa luz]. Que Stálin não prestava a gente sabe [pelo menos eu sei], assim como Hitler e tantos outros tiranos à esquerda ou à direita do espectro. 1984 é um livro contra o totalitarismo, mas para nossa surpresa [brincadeirinha, surpresa nenhuma] o Governo Bolsonaro parece estar levando em conta um bocado das táticas do Grande Irmão. Neste post selecionamos os 10 motivos que comprovam que Bolsonaro está implantando o “Socing” [ou IngSoc de acordo com a tradução] no Brasil, confira:
1 – Quem controla o passado, controla o futuro: Para o Partido a mutabilidade do passado é um dos princípios do Socing. Tal controle da história reverte-se também no controle do futuro e do presente, tudo muito cambiável de acordo com os interesses do Partido. Tal como o regime do Grande Irmão, o Regime de Bolsonaro tem sistematicamente procurado “controlar o passado”, inicialmente mais descaradamente com o revisionismo que tem tentado apagar dos registros da Ditadura Civil-Militar e o Golpe de 1964. Caso você não pertença a seita e tenha feito uma leitura proficiente do livro de Orwell encontrará muitas semelhanças a respeito do controle da história;
2 – A Liga Juvenil Anti-Sexo: Para o Partido o sexo poderia levar à rebeldia, quem sabe à liberdade. Por isso uma das mais atuantes instituições do universo de 1984 é A Liga Juvenil Anti-Sexo. A bem da verdade, o sexo entre os membros do Partido só quando muito necessária. Não é que justamente da ministra mais Orwelliana do Governo Bolsonaro, a Damares, está “surgindo” uma política pública que pretende “pregar” abstinência sexual à juventude. Se vocês não percebem o tamanho da barafunda, não posso dizer nada, mas a questão é grave. Primeiro porque esse governo se pauta por mentiras prata detrair qualquer atividade de educação sexual, usa inclusive o discurso que não é tarefa do Estado, de modo que não deveria ser também a criação de uma política Anti-Sexo;
3 – Todo mundo é espião: Um dos grandes sucessos do regime do Grande Irmão é a capacidade de tornar cada membro do Partido um potencial espião. As crianças então, como dizia Winston Smith, eram terríveis. Pois eis que no seio do bolsonarismo não faltam iniciativas ou tentativas de tornar todo mundo um potencial espião, especialmente quando se tratar de denúncias contra quem naquelas cabeças doentes contrariem os interesses do partido. Nessa guerra cultural as principais vítimas têm sido os professores, pois muitos ignorantes são instados a fazer denúncias das mais absurdas contra a fantasmagoria nominada de “doutrinação”. Só um leso da cabeça pode crer numa doutrinação massiva e a própria eleição de Bolsonaro contradiz essa imbecil suspeita. Ainda assim, o denuncismo e a tentativa de criar canais para “espiões” do Partido prosseguem;
4 – Dois minutos de ódio: Tudo bem, não vou jogar toda a carga contra o Governo Bolsonaro, a mídia de massa teve seu papel em transformar o PT num Goldstein. No livro a imagem do suposto inimigo do regime era usada para destilar todas as raivas, histerias e ódios causando uma verdadeira catarse na massa. Winston melancolicamente refletirá ainda que o pior não são os dois minutos de ódio, mas a incapacidade de se manter alheio a ele. Desde a ruptura democrática de 2016 o Brasil tem visto Cérbero morto e todas as criaturas monstruosas do Mundo Interior tomarem rodapés de comentários, redes sociais, até os almoços familiares. Você não pode negar que há um patrocínio ao ódio, o racismo escancarado, o fascismo-nazismo passeando por aí tomando umas brejas de boas. Tudo isso com o aval do poder, inclusive com lives semanais em que o próprio presida aproveita para dar o tom raivoso [quando ficou com medo do filho ser preso, então, nem se fala. Um “bom” pai pelo menos]. Talvez estejamos construindo uma versão ainda mais tenebrosa dos dois minutos de ódio ou da semana do ódio, no Brasil, o ódio parece ad aeternum. Além disso, não tem como não fazer essa relação quando uma CPI aventa para um Gabinete do Ódio bancado com recursos públicos e estruturado de forma a solapar a biografia de qualquer incômodo a Bolsonaro ;
5 – Controle e vigilância: Tiranos, autoritários e totalitários adoram uma vigilância e um controle, tanto que nesse país dos paradoxos a primeira coisa que fizeram um bando de deputados então no PSL foi visitar a China comunista [sim, na China comunista, como direito a foto com estátua do Mao ao fundo] para pesquisar ferramentes de controle e vigilância. Mas a coisa é ainda mais perigosa que esse tipo de papagaiada e o Governo Bolsonaro com uma única canetada [já não lembro se Bic ou Pilot] criou uma megabase de banco de dados para vigilância de todos os cidadãos brasileiros. Como diriam os mais desconfiados O MITO TÁ ZOIANDO OCÊ, ou MITO IS WATCHING YOU;
6 – Não caía em desgraça: Diz o livro que “o mais comum era que as pessoas que caíam em desgraça no Partido simplesmente desaparecessem e nunca mais se ouvisse falar neles”. Calma lá! Não nós não vamos exagerar dizendo que o bolsonarismo está próximo dessa literalidade do verbo. Ainda assim não é uma boa entrar em desgraça com o Líder. No mínimo vai perder o emprego e ser achincalhado pelo Gabinete do ódio com dias de réschitags deselogiosas. Estudos inclusive mostram que a relevância digital e antigos aliados presentes desafetos de Bolsonaro simplesmente despencam nas redes. A lista é grande dos que caíram em desgraça: Bebianno, Santos Cruz, Frota, Joice, Witzel, Dória, e contando…
7 – Onde a verdade não tem vez: A bem da verdade o Grande Irmão não controla apenas a história e a memória, controla também “a verdade”. Não faltam é artigos e manchetes do quão pouco valor possui a verdade e os fatos para Bolsonaro e seu governo. Seu núcleo “ideológico” e uma Assembleia Geral de Fugitivos do Hospício, com especial destaque para Weintraub, Araújo e Damares, criaturas que acreditam nas mais loucas conspirações e assim conspiram contra nossa sanidade – e também contra nossos direitos civis. Isso vem desde a campanha e as lendárias “mamadeira de piroca”, que não fosse trágico, seria cômico [de fato as pessoas parecem não acompanhar os filhos na escola]. A verdade para Bolsonaro, assim como para o Partido e o Grande Irmão é aquilho que lhes convém;
8 – Racionamentos: A guerra permanente em Oceânia e o controle do Partido levava a muitos racionamentos. Se não pelo “comunismo” mas pelos ardis do capitalismo, 2019 muitos de nós tiveram de racionar porque a disparada de inflação fez-nos racionar carnes, vestuário e outras coisitas.;
9 – Inimigos, inimigos, inimigos: Tudo que um tirano não vive sem é aquele velho e bom inimigo que serve para sua política. O Grande Irmão tinha seu Goldstein ou as nações intercambiantes que sempre lhes possibilitava o permanente estado de guerra. O autoritarismo depende de inimigos para manter-se no poder, por isso o Governo Bolsonaro é uma das partes da presente polarização. O que não poupa o “presida” é criar possíveis inimigos e perigos que justifiquem seus autoritarismos, vide os ensaios remexendo no AI-5;
10 – Nacionalismo patriótico: A história registra que patriotismo e nacionalismo são relevantes enquanto identidade, contudo bebidas que tomadas com o mínimo acima da dose são muito perigosos. O patriotismo é sempre utilizado como ferramenta para governos autoritários. Para o Grande Irmão uma das ferramentas de controle dos proletas era incitá-los “a entrar em um de seus surtos periódicos de patriotismo”.