Fonte http://www.listasliterarias.com/2020/01/8-perguntas-que-mostram-que-voce-nao.html
Há muita gente no Brasil escrevendo ou desejando escrever a despeito dos cenários cabulosos para quem deseja produzir literatura. Muitos são os fóruns e os grupos de escritores amadores com muita discussão interessante, mas também com perguntas e questionamento que podem deixar mais claro que você ainda não está pronto para ser escritor. Selecionamos 10 perguntas que caso as tenha, talvez seja preciso reorientar seu projeto. Confira:
1 – Tenho que ler livros para ser escritor?: Pode parecer estranho, mas essa dúvida não raro pode chegar com afirmações de que “vou escrever um livro, mas não gosto de ler”. E é uma coisa bem recorrente e que nos deparamos pela internet. Esse é o caso mais aconselhável a se pausar imediatamente o que se está fazendo, isso se for uma dúvida. Se afirmação, a sugestão é que se desista mesmo. Não importa qual lista, 10 em cada 10 escritores te dirão que sem uma grande carga de leitura não se pode escrever nada decente. Além disso, temos que observar conceitos caros à linguística como polifonia e dialogismo. Nenhum texto é uma ilha, é sempre uma caixa de ressonância de muitas vozes, de suas leituras, de sua cultura, e claro, da experiência e da vivência. Contudo apenas as duas últimas sozinhas nunca produziram escritores;
2 – Qual o tamanho padrão ou indicado para os capítulos do meu livro?: Uma pergunta que pode indicar pouca leitura. Se avançarmos a questão de que é preciso ler para escrever, isso pede-se em certa quantidade e variedade. O conhecedor de literatura bem sabe que não há padrão, pelo contrário, os bons autores brincam e jogam com qualquer limites. Machado de Assis, por exemplos, capítulos curtíssimos, George Martin prefere uns mais longos, enquanto muitos autores sequer subdividem seus capítulos por capítulos. Se essa dúvida pintar, o ideal é retomar um pouco suas leituras, pensar entre seus autores quais seriam modelos de sua emulação inicial até, claro, que com trabalho e retrabalho você defina que tipo de capítulo lhe cai bem;
3 – Vou ficar rico sendo escritor?: Olha, é bem provável que a ampla maioria dos que ficaram não fizeram esta pergunta. Pelo contrário, é possível encontrar muitas entrevistas de escritores famosos dissuadindo qualquer ideia de se escrever para ficar rico. Se o principal objetivo for este, ainda mais no Brasil, a possibilidade de decepção é bastante grande. Há uma farta literatura [pesquisas, teses, crônicas, relatos] mostrando que mesmo os grandes autores e durante pelo menos desde o nascimento da literatura brasileira, viver de literatura é um baita desafio?
4 – Eu posso usar a linguagem informal no meu livro?: Essa pergunta talvez não se encaixe plenamente no título porque ela diz mais sobre a insegurança de quem começa a querer escrever do que não se estar pronto. Claro, que retomando a questão da leitura ampla e diversa pode ajudar que essa não seja uma celeuma a atrasar sua criatividade. José Saramago, por exemplo, gostava de ser bastante subversivo com a pontuação. E vocês já pararam para pensar na loucura que bateria no corretor ortográfico do documento do word de Grande Sertão: Veredas? A literatura é essencialmente subversiva para com a linguagem, de modo que o escritor estando consciente de sua condição, essa seria uma pergunta evitável. Mas reforçamos aqui o peso da insegurança e da carga que muitos “críticos” fazem sobre novatos. Logicamente vale dizer que nos exemplos citados e nos tantos outros por aí, o que importa é o autor ter consciência dos porquês da informalidade, sobre quando, como e quando usá-la. Para desestruturar a linguagem é preciso conhecê-la com um mínimo de intimidade;
5 – Quanto tempo leva para escrever um livro?: Uma dúvida bastante irrelevante e com muitas variáveis envolvidas. A questão da irrelevância é de que nada, mas nada mesmo importa mais do que a história escrita, relida, retrabalhada. O tempo que se leva para isso será sempre único de cada obra. O que sabemos é que muitas obras famosas, como
Macunaíma, foram escritas em pouquíssimos dias; Já outros como
Vozes de Chernobyl, da Nobel de Literatura Svetlana Alexiévitch, levaram no mínimo uma década para serem escritos;
6 – Meu livro ficou parecido com…, vocês curtiriam?: Acontece por aí de autores procurando aproximar seus textos de um famosão [Harry Potter, Senhor dos Anéis, Carrie…] usam dessa expressão ou o que se assemelhe. Se o seu livro for parecido com tal outro livro, a probabilidade é que o leitor, e o leitor é um “bicho” muito esperto, decida pelo original. Uma coisa é captar vozes de suas leituras e da vida, outra é escrever muito parecido;
7 – Quantas páginas meu livro tem de ter para ser bom?: É uma alternativa para a dúvida dos capítulos. Mas sabemos que a qualidade de qualquer obra passa longe de seu número de páginas. Gostem ou não, O pequeno príncipe é um clássico bem miudinho, já A Guerra dos Tronos ou algum livro de Tosltói você pode usar o peso para cometer assassinatos. Cada obra tem o tamanho que tem [e precisa ter];
8 – Posso publicar meu livro na internet? Tenho medo que roubem!: Publicar significa tornar público. Ponto. Ao publicar na internet sua obra está pública e caso algum espertalhão lhe plagie, as provas estão aí. Melhor mesmo se o ladrão fazer sucesso;