Fonte http://noticias.r7.com/brasil/analise-a-era-da-supervalorizacao-da-autoestima-19012020
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Treze anos atrás uma amiga havia preparado as paredes do corredor de seu apartamento para fazer um painel de fotos da filha que, na época, tinha três anos de idade. A ideia veio do fato de a menina ser linda desde o nascimento. Não era uma bebê de beleza comum, mas sim, uma daquelas crianças que as pessoas param na rua para admirar e tirar fotos.</p>
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Passadas algumas semanas, perguntei sobre o projeto e ela me respondeu com uma pergunta curiosa: “Você acha que eu seria uma mãe estranha se dissesse que não vou mais fazer o painel?” Respondi que não, pois já imaginava o motivo. E acertei.</p>
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<img class="croppable" src="https://img.r7.com/images/ego-autoestima-patricia-lages-19012020094221420?dimensions=460×305" title="Autoestima tem sido confundida com autoconfiança" alt="Autoestima tem sido confundida com autoconfiança" />
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<span class="legend_box ">Autoestima tem sido confundida com autoconfiança</span>
<span class="credit_box ">Pixabay</span>
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A mãe não queria que a filha se achasse melhor do que os outros, pois já era difícil explicar tantos elogios toda vez que saíam de casa, que começavam desde o elevador do prédio e seguiam com as inúmeras abordagens na rua, no shopping, no supermercado. “Seria incentivar autoestima demais”, disse a mãe que, na minha análise, estava certíssima.</p>
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Isso porque, considerando a definição de estima como admiração por alguém, autoestima é a admiração de si mesmo e, isso sim, é algo muito estranho…. É claro que devemos nos valorizar no sentido de cuidarmos bem de nós mesmos, mas a autoestima admiração de si próprio, no fundo, não passa de presunção.</p>
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Em contrapartida, uma criança que cresce sendo tratada pelos pais como um príncipe ou princesa, ouvindo que merece o mundo inteiro simplesmente porque é um ser especial, provavelmente terá grandes decepções na vida. O mundo não vai dar o mesmo tratamento e nem dizer as mesmas coisas. Não somos todos especiais, caso contrário, a própria palavra perderia o sentido.</p>
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A questão é que autoestima tem sido confundida com autoconfiança e, esta última sim, é necessária para fazermos a diferença. Ver alguém presunçoso na minha época de sexta série nos fazia cantar em coro uma música que o Ultraje a Rigor havia acabado de lançar, nos idos de 1984. Aliás, vale recordar um trecho de “Eu me amo” para não esquecermos o quanto essa onda de supervalorização da autoestima pode ser bem esquisita…</p>
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“Há tanto tempo eu vinha me procurando<br>
Quanto tempo faz, já nem lembro mais<br>
Sempre correndo atrás de mim feito um louco<br>
Tentando sair desse meu sufoco<br>
Eu era tudo que eu podia querer<br>
Era tão simples e eu custei pra aprender<br>
Daqui pra frente nova vida eu terei<br>
Sempre a meu lado bem feliz eu serei</p>
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Eu me amo, eu me amo<br>
Não posso mais viver sem mim…”</p>
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<strong>Patricia Lages</strong></p>
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<em>É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo e do blog Bolsa Blindada. Ministra cursos e palestras, tendo se apresentado no evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard (2014). Na TV, apresenta o quadro "Economia a Dois" na Escola do Amor, Record TV. No YouTube mantém o canal "Patrícia Lages – Dicas de Economia", com vídeos todas as terças e quintas.</em></p>
