– Supremo da Venezuela apenas faz escancaradamente o que o Supremo do Brasil faz de modo dissimulado: assume as funções do Poder Legislativo.
– O ditador Nicolás Maduro era mais duro ao condenar o impeachment legal de Dilma Rousseff do que é o chanceler brasileiro Aloysio Nunes (PSDB-SP) para “repudiar” com “preocupação” o “claro rompimento da ordem constitucional” na Venezuela (leia-se: a consolidação do golpe). O velho tucanato tem mesmo muito a aprender com João Doria Jr.
– Apoio político de Lula e Dilma, financiamentos do BNDES sob seus governos e propinas da Odebrecht ajudaram a consolidar a ditadura venezuelana. E ainda tem brasileiro (16%?) que acredita quando o PT fala em “defesa da democracia”.
– Ou o Mercosul expulsa a Venezuela, ou convida logo a Coreia do Norte para presidir o próximo encontro.
– “Eike Batista já começou a negociar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro, apurou o Valor.” O “empresário do PT” pode detalhar questões sobre contratos com a Caixa e o BNDES nos governos petistas. Que tal incluir um anexo sobre a Venezuela?
– O Globo: “O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) está negociando acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Cabral teria se comprometido a falar sobre pelo menos 97 casos de corrupção e outros crimes no governo local, na Assembleia Legislativa, no Tribunal de Justiça, no Ministério Público e até mesmo no Superior Tribunal Justiça (STJ).” Que tal incluir um anexo sobre Lula?
– Se Cabral entregar ministros do STJ, o inevitável efeito dominó para cima pode acabar atingindo a alta cúpula do país, mesmo que o ex-governador não tenha cartas na manga diretamente contra ela. Pense com carinho, MPF.
– Este blog, patrulhado por influentes políticos do Rio de Janeiro, tem ainda especial curiosidade em saber dos casos “de corrupção e outros crimes” envolvendo a Alerj e o Tribunal de Justiça do estado. Não é mesmo curioso?
– “Causa perplexidade a velocidade com que a sentença foi proferida”, disse Pedro Velloso, advogado de Eduardo Cunha, sobre a decisão de Sérgio Moro de condená-lo a 15 anos de prisão. Perplexos, ficamos nós com o ritmo do STF.
– Condenação reacendeu temor de delação de Cunha. Para impedi-la, diz a Folha, “todas as fichas estão voltadas, agora, para o habeas corpus que será julgado em breve pelo Supremo”. Velloso alegara que Moro tentou “evitar que o STF julgue a ilegalidade das prisões provisórias por ele decretadas”. Mas os ministros do STF que atuam em favor de Temer deverão insistir nesse argumento para libertar o potencial delator e evitar eventual estrago no governo.
– Se Moro se comunica com Aécio Neves (em evento de premiação onde calhou de estarem próximos), é “escândalo! prova que é tucano!”; se só cumprimenta de passagem Jair Bolsonaro (em aeroporto onde se deslocava com pressa), é “vexame! deixou no vácuo!”. Que coisa ridícula.
– Michel Temer assinou na quinta-feira (30) a nomeação de Admar Gonzaga para o posto do ministro do TSE Henrique Neves, cujo mandato se encerra em 16 de abril. Como tuitei na terça:
– Admar Gonzaga foi advogado da chapa Dilma-Temer de 2010. Agora vai julgar a cassação da chapa Dilma-Temer de 2014. Ele rechaçou ter vínculo com o atual presidente. Como se ter trabalhado para sua chapa não o fosse.
– “É especulação sem razão, como se as pessoas não tivessem qualidades, compromisso com o país”, disse Admar Gonzaga. Nós vimos as “qualidades” de Gonzaga ao conceder direito de resposta à Dilma quando VEJA revelou que ela sabia de tudo do petrolão, segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef. Era muito “compromisso com o país” de Dilma e Temer às vésperas da eleição.
– Temer antecipou nomeação de Gonzaga para distanciar esta do eventual pedido de vista com que o ministro poderá interromper o processo de cassação, evitando assim parecer ainda mais que o colocou no TSE só para salvá-lo. Enquanto isso, o presidente articula para que o ministro Napoleão Nunes peça vista primeiro e, caso o adiamento seja suficiente, alivie a barra inicial de Gonzaga, deixando-lhe incumbido apenas de votar contra a cassação da chapa, se o mandato de Temer já não tiver sido arrastado até o fim.
– Em resumo: Brasil faz nas sombras o que Venezuela faz à luz do dia.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil