Fonte https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/quem-sai-humilhado-na-propinocracia/
Vamos fazer um resumo do relevante ao pitoresco na relação do PT com a empreiteira Odebrecht, com base em informações dispersas na imprensa.
Marcelo Odebrecht disse ao Tribunal Superior Eleitoral que repassou R$ 150 milhões à campanha de Dilma Rousseff, 80% dos quais de modo clandestino, com origem no caixa dois; e que R$ 50 milhões eram parte de uma propina paga para comprar uma medida provisória de 2009 que beneficiou a Braskem, empresa petroquímica controlada pela Odebrecht e pela Petrobras.
Em reunião em 2014, o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva (PT), comunicou a Marcelo Odebrecht e ao então diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Alexandrino Alencar, que precisava de R$ 35 milhões para garantir a adesão de cinco partidos à chapa da petista.
O objetivo era conquistar preciosos dois minutos e 59 segundos na propaganda eleitoral na TV, decorrentes da aliança com Pros, PCdoB, PRB, PDT e PP.
A informação sobre o acerto, levado a cabo, consta do acordo de delação premiada de Marcelo e Alexandrino, homologado na semana passada pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia.
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega intermediou pelo menos o pagamento ao PDT, de acordo com depoimentos de três ex-dirigentes da Odebrecht ao TSE.
Dilma foi quem definiu Mantega como o sucessor do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci na interlocução do governo do PT com Marcelo Odebrecht em questões de arrecadação financeira para campanhas presidenciais, segundo depoimento do próprio Marcelo (o que Dilma negou, claro, porque nunca sabe de nada). Ele também contou ao ministro Herman Benjamin que se reuniu mais de cem vezes com Dilma e Mantega, e que ela sabia de todo o esquema de financiamento ilícito de campanha.
Marcelo Odebrecht então “foi acionado” por Mantega para doar os recursos ao PDT – partido ao qual Dilma foi filiada antes de ingressar no PT –, conforme afirmou ao TSE o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Reis.
Reis explicou que tinha uma relação com o então tesoureiro do PDT Marcelo Panella e, por isso, fez o acerto.
Ele disse também que o orçamento disponível para a negociação era de R$ 7 milhões, mas que Panella aceitou a primeira oferta, de R$ 4 milhões, pagos em quatro parcelas entre agosto e setembro de 2014.
Ou seja: o PDT saiu baratinho.
Na propinocracia brasileira, só fica a dúvida sobre o que é mais humilhante:
– ser citado por recebimento de propina em troca de apoio político nos moldes do mensalão;
– ou descobrir que podia ter conseguido R$ 3 milhões a mais?
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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