Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/bolsonaro-moro-stf_br_5e00cb45e4b0b2520d0e2434
O presidente Jair Bolsonaro negou que tenha se comprometido com a indicação ao STF (Supremo Tribunal Federal) do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. “Você tem que indicar alguém com chances de ser aprovado [pelo Senado, que sabatina as indicações presidenciais]. Eu nunca tive um compromisso: ‘vou indicar o Sergio Moro’. Eu falei durante a campanha: “Alguém com perfil dele”. Pode até ser ele. Agora, ele está fazendo um excelente trabalho na Justiça. Se ele continuar fazendo um excelente trabalho, as chances dele diminuem”, disse em entrevista na madrugada desta segunda (23) ao programa Poder em Foco, do STB.
Até 2022, o mandatário terá a chance de fazer duas indicações: uma já em 2020, para a preencher a vaga que será aberta com a aposentadoria do decano Celso de Mello; e outra em 2021, com a saída de Marco Aurélio Mello. Os ministros do STF se aposentam compulsoriamente aos 75 anos.
Durante a campanha e também depois de eleito, Jair Bolsonaro afirmou mais de uma vez que a indicação de Moro ao STF foi uma promessa feita ao agora ministro da Justiça por ter deixado seu cargo de juiz na primeira instância da Justiça Federal em Curitiba, onde comandava a Força Tarefa da Lava Jato – o que lhe rendeu, inclusive, a fama de que dispõe atualmente.
“Fiz um compromisso com ele [Moro], porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura. Eu falei: a primeira vaga que tiver lá está à sua disposição. Obviamente, ele teria de passar por uma sabatina no Senado. Eu sei que não lhe falta competência para ser aprovado lá. Mas uma sabatina técnico-política. Eu vou honrar esse compromisso com ele. Caso ele queira ir para lá, será um grande aliado, não do governo, mas dos interesses do nosso Brasil dentro do Supremo. A primeira vaga que tiver, eu tenho esse compromisso com Moro, e, se Deus quiser, cumpriremos esse compromisso. Acho que a nação toda do Brasil vai aplaudir um homem desse perfil no Supremo”, disse Bolsonaro em 12 de maio deste ano entrevista a Milton Neves na rádio Bandeirantes.
No mesmo dia desta declaração, Moro afirmou não ter imposto a indicação ao STF como condição para assumir o ministério, mas disse ter ficado “honrado” com o compromisso do chefe. Em declaração à imprensa também naquele 12 de maio, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, destacou que Bolsonaro vê em Moro “as condições éticas, morais e intelectuais para assumir um cargo importante como” o de ministro do STF.
Quatro dias depois, contudo, o presidente minimizou sua própria fala, em sua live semanal no Facebook, dizendo nunca ter feito nenhum acordo com Moro.
Nos bastidores do Congresso e do Palácio do Planalto o que se diz é que a visibilidade de Moro e as chances de que ele concorra à Presidência da República em 2022 sempre incomodaram o presidente, que pode recuar a qualquer momento de seu compromisso com o chefe do Ministério da Justiça “por orgulho ferido”. Pesquisas de opinião apontam alta taxa de popularidade do ministro.
Nesta toada, Bolsonaro começou inclusive a insinuar que, em 2022, Sergio Moro poderia formar uma chapa com ele, como vice. Declarações, que já foram repetidas ao menos duas vezes, ocorrem no momento em que o presidente lança seu partido, o Aliança pelo Brasil, e seu ministro é assediado pelo Podemos. “Agora tem que perguntar para o Moro se ele quer, agora ele saber o que é política”.