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10 Considerações sobre A Ascensão de Atenas, de Anthony Everitt ou sobre histórias helênicas

Fonte http://www.listasliterarias.com/2019/11/10-consideracoes-sobre-ascensao-de.html

O Blog Listas Literárias leu A Ascensão de Atenas – A história da maior civilização do mundo, de Anthony Everitt publicado pelo selo Crítica do grupo Planeta; neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro, confira:
1 – Em Ascensão de Atenas Everitt opta por escrever “uma história narrativa” de modo que nunca revela “fatos futuros ou finais enquanto narr[a]” pois espera que seus “leitores não tenham uma ideia antecipada do que acontecerá a seguir”, construindo assim um texto linear que avança por séculos relevantes da história ateniense com objetivo de tentar possibilitar ao leitor a vivência dos momentos como eles “aconteceram”;
2 – Vale destacar ainda que nessa opção pela proximidade à narrativa, o autor acaba trazendo grande parte da história documentada, entretanto, não se furta de complementar lacunas com a ficção, postura que ele assume ao dizer que “algumas histórias nas fontes antigas têm um contorno suspeitamente fictício – ou pelo menos é o que dizem acadêmicos exigentes (…) como mitos e lendas, [que] no entanto, são boas histórias, e mesmo que algumas delas tenham sido edulcoradas, dão uma boa ideias de como os gregos se viam. Por isso, reconto-as animadamente”;
3 – Esse é um detalhe importante e a advertência do autor faz sentido, pois que, de fato, ele não se furta ao longo de sua reconstrução histórica, permeá-la com mitos, lendas e em alguns poucos casos, com alguma dose de suposição. Isso, claro, numa publicação estritamente acadêmica seria grande questionamento, contudo, sendo a obra aberta a um público mais amplo e curioso pelos comportamentos e pela cultura ateniense, faz algum sentido em o autor não frustrar sua animação;
4 – Assim, o livro nos leva por uma longa viagem pela história de Atenas, que “é muito menos conhecida que a de Roma, mas teve uma influência enorme na posteridade e na civilização ocidental de hoje; ou seja, influência em nós” afirma Anthony Everitt;
5 – Nesse aspecto, certamente das maiores atenções da publicação está no funcionamento e modelo de democracia, esta criação helênica que é certamente a influência mais presente no ocidente contemporâneo. O autor dedica bastante debate ao nascimento, ao funcionamento, às particularidades do contexto histórico em que se dá, bem como os testes, os conflitos, os riscos e as complexidades e atividades da democracia grega por um período ao longo de diferentes séculos;
6 – Para tanto, amparado inicialmente em boa parte de mitologia de fundação das Cidades-Estado por meio da Odisseia, o autor vai dos tempos de Aquiles até uma breve passagem pelos tempos de Alexandre, o Grande em 336 d.C. Aliás, há uma espécie de ponte que faz o autor ligando as duas figuras, contribuindo para a imagem posta ao longo de sua narrativa, geralmente marcada por conflitos e lutas ao longo dos séculos;
7 – Deste modo, a obra cobre certamente os eventos mais conhecidos da história, das lutas contra os Persas, especialmente Xerxes e Dario às lutas entre os próprios gregos, especialmente a rivalidade entre Esparta e Atenas e o quanto desse embate levou a constituição de impérios, tal como também à submissão de vencidos entre tantas e tantas guerras;
8 – Todavia, acima de tudo, como o autor se propõe, sua narrativa procura dar certa vivacidade ao cenário e aos costumes helênicos. Quase como se fosse a filmagem de uma cidade em seus costumes e em suas estruturas sociológicas. Para isso veremos em grande parte as engrenagens da política e da cultura moverem-se o tempo todo,  ora para cá, ora para lá. Aliás, tal paisagem erguida por Everitt remete ao campo das imprevisibilidades, pois veremos em sua narração ataques e contra-ataques em uma organização social de certo modo volúvel aos acontecimentos – e isso muitas vezes em tempo curto. O herói de ontem bem poderia ser o vilão de hoje, conforme sopravam os ventos pelos demos. Aliás, pela leitura de Everitt, tem-se a mostra de que um dos modos eficientes de derrubar inimigos políticos e levantando as bandeiras da ética e dos valores;
9 – Além disso, claro, nessa fotografia textual de um tempo e contexto, o autor dedicará ainda bom espaço para a demonstração da importância da filosofia, marca presente entre nós até hoje. O autor dá certa vida e insere nomes como Platão e Sócrates em situação de vida, para além de suas contribuições ao pensamento humano. Todavia, conforme diz o autor “embora os atenienses fossem de fato racionalistas, também eram profundamente religiosos”, o que não raro trazia implicações políticas;
10 – Enfim, A ascensão de Atenas não está para um livro de história, talvez para uma espécie de biografia desta civilização que deixou marcas profundas em toda a humanidade. É interessante opção para que deseja conhecer um pouco dos costumes e da identidade helênica, bem como ampliar seus conhecimentos acerca de nossa história humana, e também de nossos mitos, lendas e filosofias. Uma boa leitura e fluida pela distância de qualquer pretensão acadêmica.

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