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Alexandre Frota critica Bolsonaro: “Herói não é Ustra, é Ayrton Senna”

O deputado Alexandre Frota criticou as falas do presidente Jair Bolsonaro, que chama de herói o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra — torturador da ditadura militar, cujos crimes foram reconhecidos pela Justiça. Ustra morreu em 15 de outubro de 2015. Bolsonaro recebeu sua viúva, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra, na última semana. Frota foi expulso do PSL nesta tarde.

Frota já sofreu retaliação do presidente, que lhe tirou os cargos na Câmara por discordar de suas declarações. De acordo com a Folha de S.Paulo, ele foi expulso hoje do partido. Ainda assim, o deputado fez novas críticas a Bolsonaro, em entrevista ao Buzzfeed, apesar de dizer que “ainda não” está arrependido do apoio a ele.

Olha, herói nacional para mim é o Ayrton Senna. Eu não acho que tenha sido uma boa, um bom momento para falar sobre isso. A gente está aí com a reforma tributária, estamos em trâmite com a reforma da Previdência, saindo vitoriosa da Câmara para o Senado. Então isso, mais uma vez, é uma declaração desnecessária, né?”

Frota ainda lembrou a polêmica com o pai do presidente da OAB. “Na semana passada ele disse qual era o destino do pai do presidente da OAB. Eu também quero saber qual era o destino, o que aconteceu. Acho que é um direito do Felipe Santa Cruz saber, ainda que eu discorde das maneiras partidárias do Felipe, eu acho que o nosso presidente teve um pouco de excesso. Seria um assunto que ele deveria deixar passar. Não precisava falar sobre esse assunto, mas já que falou, então ele apresente aí, conte a história, que ficou todo mundo curioso para saber”, afirmou Frota.

O deputado e ex-ator afirmou que não pensa em deixar o PSL, mas salientou: “O PSL é que quer a minha expulsão. Meu trabalho foi extremamente coerente e coeso”. Sobre a relação que tem com Bolsonaro, o pai. “Ele é presidente e eu sou deputado federal. Esta é minha relação com ele. Eu fiquei muito agradecido e honrado de o presidente ter ido a minha sessão solene de homenagem ao Carlos Alberto de Nóbrega, do SBT. Eu e Bolsonaro, a gente não precisa ser amigo. Ele precisa muito do meu voto aqui dentro.”

Com a família, o contato é diferente:

O Carlos Bolsonaro eu não sei por onde ele anda porque ele é bloqueado nas minhas redes. E eu não tenho interesse em nada que ele fala, não compactuo com as coisas que ele diz por aí. O Flavio Bolsonaro, eu gosto dele, mas o Flavio está com problemas sérios para serem resolvidos. Já o Eduardo, eu pouco encontro com ele aqui nas sessões na Câmara. O Eduardo é uma pessoa que tem muitos trabalhos, viaja muito”

Frota disse que não se arrepende do apoio a Bolsonaro, mas fez críticas ao guru do presidente, Olavo de Carvalho. “Ele tem falas que realmente complicam muito. Fui uma das primeiras pessoas a vestir a camisa dele. Não posso agradar todo mundo e não posso agradar ao Bolsonaro também. Se eu não agrado ao Bolsonaro, problema dele. Não posso fazer nada. Antes agradava, agora não agrado mais”, afirmo Frota. “Eu acho só que se eu soubesse que ao apoiar o Bolsonaro eu estaria também colocando o Herculano Quintanilha [protagonista guru da novela O Astro] da Virgínia no poder, que é o Olavo de Carvalho, talvez eu repensasse nisso. Esse senhor tem feito muito mal ao governo, à Câmara.”

Por fim, deixou no ar alguns possíveis destinos, se concretizada a saída do PSL: “Doria me convidou por três vezes. Deixou as portas abertas do PSDB. O DEM me convidou. O Podemos me convidou. O Podemos, o PROS, o PP também me convidou. Me sinto prestigiado, me sinto honrado com os convites, mas só vou pensar nisso futuramente, caso eu saia do PSL.”

Simpatia de Bolsonaro por Ustra

Ao longo de sua carreira em cargos públicos, Bolsonaro nunca escondeu sua simpatia pela ditadura e por Ustra.

Durante votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, Bolsonaro dedicou seu voto à “memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma.”

A despeito da Justiça de São Paulo ter extinguido, em 2018, a condenação de Ustra para pagar indenização de R$ 100 mil à família do jornalista Luiz Eduardo Merlino, assassinado em 1971 durante a ditadura, o militar já havia sido responsabilizado pelo Superior Tribunal de Justiça no final 2014 pela prática de tortura.

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