A campanha Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos deu início na terça-feira (1º) a um período de 15 dias de mobilização para dar visibilidade à contribuição das trabalhadoras rurais para o alcance das metas da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
A campanha lançará conteúdo com diferentes temas relacionados à atuação das mulheres rurais como produtoras de alimentos saudáveis, guardiãs da terra, líderes e empreendedoras. O tema norteador da quinzena ativista é “O futuro é junto com as mulheres rurais”, com a hashtag #JuntoComAsMulheresRurais.
A ação será encerrada em 15 de outubro, Dia Internacional das Mulheres Rurais, mas a campanha prossegue com atividades em outras datas-chave até o fim do ano. A programação faz parte da Estratégia Regional de Gênero lançada pela Organização das Nações Unidas.
Eliminar a distância
No primeiro dia de mobilização de outubro, a campanha chamou a atenção para a necessidade de eliminar a desigualdade de oportunidades. As mulheres representam praticamente metade da população de mais de 500 milhões de habitantes da América Latina e Caribe. E são responsáveis pela produção de 60% a 80% dos alimentos consumidos na região.
Contudo, elas representam percentuais bem menores quando se trata do acesso a recursos produtivos, como crédito, assistência técnica, entre outras oportunidades. Um levantamento realizado pelo IFC (International Finance Corporation) revela que existe uma brecha global de 287 milhões de dólares para financiamento de pequenas e médias empresas formais comandadas por mulheres. E a América Latina é apontada como a região com o maior gargalo de financiamento para mulheres.
Segundo a coordenação brasileira da Campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, os altos níveis de desigualdade têm altos custos para a economia, com fortes impactos em termos políticos e sociais. Especialistas apontam que, no Brasil, a redução das desigualdades e a maior inclusão das mulheres no mercado de trabalho trariam efeitos benéficos para a economia, com potencial para aumentar o PIB em até 382 bilhões de reais.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirma que uma melhora no acesso das mulheres a terra, educação, serviços financeiros, tecnologia e emprego rural renderia um aumento significativo da produtividade e produção agrícola, contribuindo para a segurança alimentar, o crescimento econômico e o bem-estar social.
A organização reforça ainda que a redução da desigualdade entre homens e mulheres no acesso aos recursos produtivos e insumos agrícolas poderia reduzir entre 100 milhões e 150 milhões o número de pessoas com fome no mundo.
Campanha 2019
A mobilização faz parte da quarta edição da campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, lançada em março com o tema “Pensar em igualdade, construir com inteligência, inovar para mudar”.
O principal objetivo da campanha é valorizar o trabalho promovido por pescadoras, agricultoras, extrativistas, indígenas e afrodescendentes. A campanha no Brasil é coordenada pela Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em parceria com FAO, ONU Mulheres, Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (REAF) e Direção-Geral do Desenvolvimento Rural do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.
O eixo condutor da iniciativa é a valorização dos direitos das mulheres rurais em todos os níveis, desde as garantias individuais até coletivas, e promover condições para o cumprimento das metas de igualdade de gênero e fim da pobreza rural estabelecidas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A campanha também visa estimular a adoção de medidas que facilitem o acesso delas a recursos e sistemas produtivos de inovação, de forma a aumentar a representação das mulheres no campo da ciência e do uso de novas tecnologias.
Oportunidade
Para alcançar as metas de igualdade de direitos e oportunidades, a edição deste ano da campanha conta ainda com o lançamento do Decênio da Agricultura Familiar pela ONU, em maio deste ano.
Entre os objetivos da década de 2019 a 2028 estão criar um ambiente político propício para fortalecer a agricultura familiar, fomentar a igualdade de gênero e o papel das mulheres rurais, impulsionar as organizações de produtores, melhorar a inclusão socioeconômica, a resiliência e o bem-estar dos agricultores, famílias e comunidades rurais e inovar em favor do desenvolvimento territorial e de sistemas alimentares que protejam a biodiversidade, o meio ambiente e a cultura.