Nos esforços para apoiar as populações mais vulneráveis à pandemia do novo coronavírus, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Instituição Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) lançam a cartilha ‘Comunicação sobre Saúde com Indígenas Warao e Eñepa’, disponível em português, espanhol, e também nos idiomas nativos dessa população indígena em situação de refúgio no Brasil.
Voltado também para profissionais de saúde, a publicação traz uma perspectiva intercultural para facilitar a comunicação e o entendimento com a população indígena sobre saúde, diagnóstico e tratamento de acordo com a cosmologia de cada grupo. O material foi produzido em estreita colaboração com lideranças dessas duas etnias, que apoiaram na tradução, revisão e ilustração.
Estima-se que aproximadamente 4 mil indígenas venezuelanos vivam atualmente no país (a maioria das etnias Warao e Eñepá), em consequência do fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos para o país. Entre as vulnerabilidades deste grupo, a saúde é um dos pontos mais preocupantes para as organizações humanitárias que lidam com a resposta emergencial a estas populações.
A cartilha complementará o trabalho informativo de prevenção em saúde (inclusive a COVID-19) que o ACNUR e parceiros realizam com indígenas venezuelanos abrigados nos estados de Roraima, Amazonas e Pará (onde a maioria dessas populações se encontra) e também em outros estados do país.
A publicação traz informações sobre as doenças mais comuns entre essas populações, como a gripe, tuberculose, pneumonia e asma. Ainda inclui as medicinas tradicionais utilizadas por cada grupo no tratamento de queimaduras, febre, inflamações, cólica, dores de estômago, diarreia e outros sintomas.
A cartilha apoiará ações de saúde a nível nacional, podendo ser impressa e distribuída em postos de saúde local e também à população indígena venezuelana.
Além da barreira do idioma, que dificulta o acesso à informação de qualidade, parte dessas populações vive em trânsito constante em busca de meios de vida relacionados à sua cultura, o que dificulta um abrigamento contínuo e a garantia de segurança alimentar e acompanhamento médico adequado.
O coordenador da resposta indígena venezuelana do ACNUR no Brasil, Sebastian Roa, explicou que a pandemia apresenta perigos adicionais às populações indígenas venezuelanas. “A cartilha é um instrumento intercultural feito com e para eles, a fim de facilitar o acesso aos sistemas públicos de saúde e promover uma melhor comunicação com os profissionais que os atenderão”, complementou o coordenador do ACNUR.
A Diretora Regional da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), missionária Clara, afirmou que a cartilha representa um grande avanço na promoção da integração da população indígena nos sistemas nacionais. “Acompanhamos essa população diariamente na gestão dos abrigos Pintolândia e Janokoida, em Roraima, e sabemos da importância de ter essa ferramenta”, comentou a diretora da FFHI.
Em conjunto com autoridades estaduais e municipais e com a Operação Acolhida (resposta federal ao fluxo de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil), o ACNUR e parceiros têm implementado ações que garantem abrigamento, segurança alimentar, acesso à serviços de saúde e informação de qualidade nos idiomas das etinas Warao e Eñepa.
Todas estas atividades são feitas em coordenação com a Operação Acolhida e em conjunto com outras agências da ONU e organizações da sociedade civil reunidas sob a iniciativa R4V (Plataforma de Resposta a Venezuelanos e Venezuelanas).
O ACNUR agradece todos os seus doadores pelas importantes contribuições que permitem continuar trabalhando para oferecer dignidade, proteção e segurança para refugiados e solicitantes de refúgio no Brasil.