A defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu, nesta terça-feira (13), que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheça a suspeição dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato e anulem os atos processuais contra o ex-presidente. Quer ainda que a Corte conceda uma liminar para soltá-lo e autorize o compartilhamento de provas obtidas na operação Spoofing, que mira os suspeitos de hackear celulares de autoridades e obter conversas no Telegram, com a defesa.
Agora, a defesa quer que os procuradores também sejam considerados parciais na condução do caso. Um dos argumentos para demonstrar que a força-tarefa foi parcial ao investigar Lula é uma postagem do coordenador do grupo, Deltan Dallagnol, no Twitter. Ele disse que oraria e jejuaria para que o STF não concedesse um habeas corpus ao ex-presidente.
O pedido também é baseado em fatos como a coletiva de imprensa concedida pelo MPF para apresentação da denúncia contra Lula no caso do tríplex no Guarujá, em que os procuradores fizeram uma apresentação em power point para detalhar as suspeitas contra o ex-presidente. A defesa também reclama de declarações a imprensa concedidas durante as investigações e manifestações dos procuradores nas redes sociais.
A tentativa dos procuradores de criar uma fundação com recursos bilionários da Petrobras também foi apontada pela defesa para pedir suspeição da força-tarefa. Por fim, os advogados de Lula mencionam as reportagens publicadas com mensagens do Telegram atribuídas a membros da Lava Jato.
A defesa argumenta que todos os atos realizados pela força-tarefa da Lava Jato nas investigações contra Lula devem ser anulados.
“Há tempos não se mostrava tão importante retomar a perene discussão sobre qual é o modelo de processo penal que se deseja para a sociedade brasileira. Se aquele de natureza democrática, que realmente se consubstancia em instrumento delimitador do poder punitivo do Estado e de salvaguarda dos direitos e garantias do cidadão que enfrenta a persecução penal; ou se outro, de viés autoritário, em que a forma jurídica não passa de um estorvo à consecução de fins predeterminados, consistindo o processo, em verdade, numa estrada de sentido único, que inevitavelmente conduzirá à condenação, neutralização e estigmatização do acusado”, argumenta a defesa de Lula.
Julgamento deve ocorrer ainda neste ano
A 2.ª Turma do STF já começou a julgar o recurso de Lula no ano passado, mas o ministro Gilmar Mendes pediu vista – mais tempo para analisar o caso. O recurso foi devolvido ao plenário da Turma no final do semestre passado, na última sessão do colegiado antes do recesso de julho. Na ocasião, Gilmar Mendes propôs que fosse concedida uma liminar para colocar Lula em liberdade enquanto o recurso não é julgado.
Por 3 votos a 2, a liminar não foi concedida. Votaram contra os ministros Edson Fachin, Carmen Lúcia e Celso de Mello. Este último, porém, deixou claro que seu voto em relação a liminar não reflete sua opinião sobre o mérito do recurso, dando a entender que pode votar a favor do habeas corpus quando o caso voltar à pauta.
A tendência é que a Turma volte a discutir o tema ainda neste ano. O caso voltou à discussão em meio a divulgação de reportagens da imprensa que trazem conversas do Telegram atribuídas aos procuradores da Lava Jato e ao ex-juiz do caso, Sergio Moro.
Na última semana, Lula teve sua primeira vitória no STF, quando a Corte negou a transferência do ex-presidente de Curitiba para a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. O placar, de 10 a 1, com parecer favorável da prcuradora-geral da República, Raquel Dodge, para negar a transferência, indica que o humor dos ministros em relação à Lava Jato começa a mudar na Corte.
Provas da Spoofing
Por decisão do STF, as provas obtidas na deflagração da operação Spoofing devem ser preservadas. O Supremo também determinou que uma cópia do inquérito fosse encaminhado à Corte.
A operação prendeu quatro suspeitos de envolvimento na invasão de celulares de autoridades. Um dos presos, Walter Delgatti, confessou ser o autor das invasões e disse ter encaminhado o conteúdo das mensagens ao site The Intercept Brasil.
O ministro da Justiça, Sergio Moro, chegou a dizer a algumas das autoridades hackeadas que as mensagens seriam apagadas, mas foi desmentido pela Polícia Federal.
A Forbes Brasil montou um cardápio de lugares muito diferentes entre si, que têm em comum uma gastronomia “diferente”, comandada por chefs premiados. Acompanhe a seguir os sabores e as experiências escolhidas a dedo na Itália, na Índia, no México e no Peru.
1. TOSCANA, Itália
A simples menção do nome desse lugar (“Toscana”) já é capaz de abrir o apetite. E, ao falarmos de Borgo Santo Pietro, ultrapassamos a expectativa gastronômica desse pedaço da Itália para entrar em um Relais & Châteaux situado em Chiusdino (próximo a Siena). São suítes, vilas, restaurantes e um spa em um parque que abriga a construção do século 13 convertida em um dos hotéis mais desejados do mundo.
O décor de bom gosto, com peças de antiquário mescladas com objetos de arte, grandes poltronas de couro e lareiras crepitando ao fundo (que clamam por taças de vinhos Brunello e Montepulciano) convida a cafés da manhã, almoços e jantares que redefinem o prazer de comer bem.
A experiência gastronômica começa no campo. Borgo Santo Pietro tem sua própria fazenda de cultivo orgânico, com mais de 200 espécies de vegetais, cerca de 50 ervas aromáticas e 40 tipos de flores, além da criação de ovelhas, granja free range, produção de laticínios (os queijos e iogurtes são incríveis!) e vinhedos para garantir a qualidade e o frescor dos ingredientes. E o que eventualmente faltar é garantido por fornecedores cuidadosamente escolhidos nas proximidades.
Tamanho cuidado alia-se ao talento dos chefs e suas equipes, responsáveis pelas delícias toscanas da Trattoria Sull’Albero (não perca as pizzas, os risotos e a bisteca fiorentina, feita com a carne da região perfumada com alecrim) e do restaurante Meo Modo. Estrelado pelo Michelin, ele serve menus degustação sazonais tão criativos quanto surpreendentes (tagliolini com camarões e queijo fiorito, agnolotti recheado com coelho, capelletto com avelãs e batata, badejo com aspargos e bottarga e, para terminar docemente, vá de sottobosco ou flowers and leaves, sobremesas que misturam texturas como chocolate, mascarpone e berries). A vigorosa carta de vinhos exibe cerca de 1.500 rótulos toscanos e de outras regiões. E a coquetelaria nesse cenário de filme é apenas o abre-alas para um desfile de refeições inesquecíveis. Para quem quiser ir além, Borgo Santo Pietro oferece uma escola de culinária, plantada em meio à fazenda orgânica, onde se pode aprender a fazer massas com cozinheiros locais, ter aulas avançadas com chefs estrelados ou participar de oficinas artesanais de fabricação de queijos.
Atenção para a oportunidade de experiências gastronômicas não menos fantásticas a bordo do iate Satori, um barco de 41,5 metros construído em Bodrum (Turquia) que navega com chefs a bordo e serve o melhor da culinária mediterrânea para dias de puro hedonismo.
Em Florença, o hotel mantém outro restaurante, charmoso e também estrelado: La Bottega del Buon Caffè, na Lungarno Benvenuto Cellini, 69.
A capital da Índia é um destino foodie que vai muito além da comida de rua. Entre avenidas apinhadas de gente e vacas caminhando tranquilamente no meio do trânsito caótico, prepare-se para um celeiro de sofisticados restaurantes (muitos deles abrigados em luxuosos hotéis) que não exibem apenas a imensa variedade da culinária indiana, mas também a de outros países.
Como o Leela Palace, onde o mix de arquitetura colonial com toques da realeza Mughal faz deste um dos mais requintados da cidade.
Do clima speakeasy do Library Bar aos seus quatro restôs badalados – o indiano Jamavar, o contemporâneo The Qube, o japonês Megu e o premiado franco-italiano Le Cirque – tudo neste hotel-palácio inspira momentos de real prazer.
Já no restaurante Indian Accent, do hotel The Lodhi, o chef Manish Mehrotra ajudou a colocar a comida indiana moderna no mapa gastronômico mundial. O melhor restaurante do país ocupa a primeira posição no ranking indiano – e a 17ª da Ásia – no ranking da 50 Best Restaurants 2019. O segredo? Pratos indianos com toques instigantes, como o pato khurchan, servido num cone com iogurte de ervas e chutney de pimenta, e o cordeiro grelhado com manteiga ghee.
O Spicy Duck, no Taj Palace, tem clima futurista e pratos preparados na cozinha envidraçada que dá para o salão, como os dumplings com variados recheios e o delicioso pato de Pequim.
Vale – e muito – fazer um passeio de riquixá pelas sinuosas ruelas de Old Delhi, com direito a pit stop no Spice Market para comprar temperos. Mas é no hypado Khan Market que você irá encontrar o Town Hall, restaurante de culinária asiática (os sushis são um sucesso), clima de bar e atmosfera cool.
Leela Palace
@theleela
Indian Accent
@indianaccent
Taj Hotel
@tajhotels
3. LOS CABOS, México
Um dos destinos mais procurados por quem curte natureza, aventura e gastronomia, normalmente acessado por descolados de Hollywood. Pense em peixes e frutos do mar frescos catches of the day do Mar de Cortés e do Oceano Pacífico que lambem a Península da Baja Califórnia, no México, onde deserto e mar criam paisagens incomuns.
Reserve uma mesa no Flora’s Field Kitchen, dentro de uma fazenda de cultivo orgânico aos pés da Sierra de la Laguna, em San José del Cabo, que tem ainda The Farm Bar, Flora Farms Grocery e Flora Farms Celebrations (onde Adam Levine, da banda Maroon Five, fez sua festa de casamento). O astral hippie-chic conquista de imediato.
No Rosewood Las Ventanas al Paraiso, o dia começa com cafés da manhã feitos na cozinha da sua vila particular pelo mordomo que prepara drinques, reserva passeios e até ensina receitas de marguerita e guacamole perfeitos. E mais: bares molhados e espetaculares restaurantes com mood, décor e sabores diversos.
Anote: El Restaurante, com vista para o mar e pratos que revelam a rica culinária mexicana em suas várias regiões; La Cava, com menu sofisticado para jantares privados; El Sea Grill, com preparações no forno a lenha, e o Arbol, para delícias indo-asiáticas em cenário matador. Na happy hour, prepare-se: são 250 opções de tequila e mezcal no Tequila Ceviche Bar. Uma reclamação recorrente de quem se hospeda no Rosewood Las Ventanas al Paraiso é que o hotel e seus restaurantes são tão incríveis que a pessoa deixa de conhecer a região para ficar ali, deliciando-se sem parar.
Flora’s Field Kitchen
@erikaonthefarm
Rosewood Las Ventanas al Paraiso
@lasventanasalparaiso
4. LIMA, Peru
Não é de hoje que a capital peruana se tornou sinônimo de excelente gastronomia. O chef Gastón Acurio foi o responsável por espalhar mundo afora a fama do ceviche local, atraindo turistas à capital do país com a (deliciosa) missão de conhecer os restaurantes mais badalados da América Latina. Graças ao sucesso do Astrid & Gastón e da cevicheria La Mar, Acurio recebeu, no ano passado, o prêmio Lifetime Achievement pelo “conjunto da obra”, durante o anúncio dos 50 melhores restaurantes do planeta.
Com o Pacífico oferecendo peixes e frutos do mar de fino sabor, os cozinheiros e cozinheiras de Lima aproveitaram o sucesso de Acurio para seguir surpreendendo os visitantes com receitas que também ecoam as tradições do interior do país, a partir de vegetais únicos e variados. Destino certeiro para amantes da boa cozinha. Além disso, Lima recebeu bem a influência vinda de fora, principalmente da Ásia. A prova é o restaurante Maido, do chef Mitsuharu “Micha” Tsumura, que nasceu no Peru, mas apurou sua técnica no Japão. Resultado: uma rica fusão de estilos que o fez chegar ao primeiro lugar do 50 Best América Latina e sétimo no ranking mundial da revista britânica “Restaurant”.
A degustação Experiência Nikkei (com ingredientes peruanos e receitas japonesas) tem mais de dez etapas. Entre elas, os ceviches; o peixe com frutos do mar e cerveja de milho; o asado de tira nitsuke (50 horas de cozimento com creme de batata e alho negro); o bacalhau grelhado com missô e o arroz chiclayano, com ouriço e cogumelo do mar. Sem dúvida, uma experiência única!
Já o restaurante Central, dos chefs Virgílio Martínez e Pía León (eleita a melhor chef mulher da América Latina ano passado), vai fundo nas tradições peruanas, trazendo à mesa muitas das plantas nativas do país mapeando a cultura andina. Dessa forma, seu menu se baseia nas alturas, com ingredientes encontrados nas diversas altitudes, do mar às montanhas. Sexto na lista mundial do 50 Best e segundo latino-americano, numa curiosa inversão com o Maido, o Central impressiona com a apresentação dos pratos, interpretando, por exemplo, os moluscos de rocha, as plantas do deserto, os algodões de bosque, a terra de milho, a Amazônia plana ou a Cordilheira alta. Para ver, sentir, comer e se extasiar.
Mas Lima não vive só dos superbadalados Maido e Central. Uma opção simpática é o Malabar, do chef Pedro Miguel Schiaffino, que se preocupa em apoiar os pequenos produtores dos Andes e da Amazônia peruana. Seus pratos são muito criativos, refazendo tradicionais tiraditos (ceviche em cortes mais finos), salada de milho, pato ao alho negro ou o ceviche de banana com kimchi de flor, cocona (fruta da selva peruana) queimada e cebolas no carvão.
Para se hospedar, uma boa opção é o Country Club Lima Hotel, que exala charme e conforto em um palacete colonial recheado de obras de arte do século 16. Vá ao Bar Inglés e peça um pisco sour – o coquetel emblemático do país é um dos muitos (o restô Perroquet, com menu tradicional peruano, é outro) motivos que fazem deste um dos mais bem-frequentados spots da cidade.
Central
@centralrest
Malabar
@malabarperu
Country Club Lima
@countryclublimahotel
Reportagem publicada na edição 69, lançada em julho de 2019
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