Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/poc-metro-rio-de-janeiro_br_5d94f978e4b0f5bf796e9448
O jovem DJ e performer Paulo Victor Soares é do Amazonas e decidiu viajar para o Rio de Janeiro pela primeira vez para assistir, ao vivo, aos shows do Rock in Rio. Mas ele não imaginava que uma simples viagem o transformaria em uma celebridade na internet. É isso mesmo que você leu.
Para chegar à Cidade do Rock, ele usou o metrô e, ao chegar à estação Jardim Oceânico, foi surpreendido por Flávio Patrick, de 25 anos e João Victor, de 21 anos, “Mr. Pac”e “Nótus”, respectivamente. Ao notar a empolgação de Soares, a dupla fez rimas com ícones LGBT como RuPaul e Adele Delano.
E a reação do jovem ― que vestia um suéter com as cores da bandeira do movimento LGBT no momento ― às rimas viralizou nas redes sociais. “O moço do metrô olhando pra mim e rimando há é um dos melhores momentos dessa viagem”, escreveu o performer ao publicar o registro do momento no Twitter.
Assista ao vídeo abaixo:
“Eles foram incríveis e muito carismáticos. Eles vem de uma luta bem grande. A gente sabe que é muito importante dar visibilidade para estes artistas”, disse o DJ em entrevista ao jornal Em Tempo, do Amazonas. O jovem contou que, assim que entraram no vagão, a dupla de rappers pediu para as pessoas escolherem uma palavra para que, então, eles montassem uma rima.
O que é “poc”? Para quem não sabe, o termo “poc” é uma gíria comumente usada na comunidade LGBT para denominar homens gays afeminados. Existem diversas teorias sobre a origem do termo. Uma delas aponta que “poc” é uma onomatopaia do barulho do salto alto delas. Anteriormente usado de forma pejorativa, hoje o termo foi ressignificado.
Até o momento, o vídeo conta com quase 80 mil likes nas redes sociais ― e só cresce. Tanto que, após ganhar visibilidade, o banco Itaú entrou em contato com o trio para oferecer ingressos para outras noites do festival. Juntos, eles assistiram aos shows de Ivete Sangalo, Alcione, Jessie J e Bon Jovi.
Em seu Twitter, Soares expressou sua empolgação e surpresa com o presente que ganhou. “Gente, sério o que está acontecendo, porra?”, escreveu no Twitter. Até hoje, o vídeo recebe diversos elogios nas redes sociais.
“Eu queria morar nesse vídeo”, disse um jovem no Twitter. “Toda vez que esse vídeo passa na TL eu fico sem condições”, disse outro. “Deu para sorrir e ter mais esperança”, escreveu outro.
Os dados sobre LGBTfobia no Brasil
De acordo com o Atlas da Violência do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cresceu 10% o número de notificações de agressão contra gays e 35% contra bissexuais de 2015 para 2016, chegando a um total de 5.930 casos, de abuso sexual a tortura.
Canal oficial do governo, o Disque 100 recebeu 1.720 denúncias de violações de direitos de pessoas LGBT em 2017, sendo 193 homicídios. A limitação do alcance do Estado é admitida pelos próprios integrantes da administração federal, devido à subnotificação e falta de dados oficiais.
Por esse motivo, os levantamentos do Grupo Gay da Bahia, iniciados na década de 1980, se tornaram referência.
Em 2018, a organização contabilizou 420 mortes de LGBTs decorrentes de homicídios ou suicídios causados pela discriminação. O relatório “População LGBT Morta do Brasil” mostra, ainda, um aumento dos casos desde 2001, quando houve 130 mortes.
O grupo divulgou nova pesquisa que aponta 141 vítimas entre janeiro e o dia 15 de maio deste ano. De acordo com o relatório, ocorreram 126 homicídios e 15 suicídios, o que dá uma média de uma morte a cada 23 horas por homofobia.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em junho deste ano, que a LGBTfobia deve ser equiparada ao crime de racismo até que o Congresso Nacional crie uma legislação específica sobre este tipo de violência. Pena é de até 3 anos e crime será inafiançável e imprescritível, como o racismo.