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Expulso do PSL, Alexandre Frota subiu tom nas redes sociais contra o governo nos últimos meses

O deputado federal Alexandre Frotaexpulso nesta terça-feira (13) do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro — estava intensificando as críticas ao governo nas redes sociais nos últimos meses. O parlamentar apagou suas redes sociais. Em entrevista à revista “Época”, também nesta terça, ele afirmou que está cansado e que sai da vida digital porque “esses eleitores são da época Bolsonaro”.

A expulsão não acarretará na perda do mandato de Alexandre Frota. Eleito por São Paulo e em primeiro mandato, ele poderá permanecer como deputado em outra sigla.

Frota filiou-se ao PSL em 4 de abril do ano passado, informa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entre a eleição de 2018, em outubro, e a expulsão do partido, a tônica dos comentários do deputado nas redes sociais mudou. De apoiador dedicado, converteu-se em crítico que foi subindo o tom cada vez mais (leia mais abaixo).

Logo após a confirmação de sua vitória na eleição para presidente do ano passado, por exemplo, Bolsonaro fez um discurso e uma oração acompanhado de pessoas que deveriam formar o núcleo duro de seu governo. Alexandre Frota estava entre delas.

Já atuando como deputado, passou a ser um dos principais articuladores do PSL na votação da reforma da Previdência. Nos últimos dias, porém, passou a criticar publicamente o governo e o presidente. Chegou a declarar que estava decepcionado com Bolsonaro e com a falta de articulação com os parlamentares.

A decisão do PSL pela expulsão ocorreu por unanimidade (nove votos) e foi tomada após reunião da sigla em Brasília. O pedido de desligamento de Frota partiu da deputada Carla Zambelli (PSL-SP), que havia declarado recentemente ao jornal “O Globo” que a situação do parlamentar no partido era “insustentável”.

O comentarista de política e economia da Globo News Valdo Cruz, que tem um blog no G1, informou que também pesaram na expulsão as críticas de Frota à indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente, ao posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos.

De acordo com Valdo Cruz, a partir disso Bolsonaro determinou a Luciano Bivar, presidente do PSL, que fizesse o trabalho para expulsar o deputado do partido.

Veja, abaixo, declarações de Alexandre Frota sobre Bolsonaro:

O deputado Alexandre Frota (PSL-SP), durante sessão na Câmara em maio — Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

Em 2 de janeiro do ano passado, Frota escreveu no Twitter: “Os brasileiros que amam essa bandeira precisam saber que 2018 não será um ano FÁCIL. União e renovação. Eu acredito #Bolsonaro2018 vamos com tudo, Brasil”.

Em post de 26 de fevereiro do ano passado — portanto dois meses antes de sua filiação ao PSL —, Frota disse que havia recebido um convite para entrar no partido. Na mensagem, em que também declarou apoio a Bolsonaro, ele justificou a recusa afirmando que estava filiado a outra sigla.

“Bolsonaro até o fim. Independente de partido. Aliás o PSL nunca havia me convidado nem antes e nem depois depois do Jair. 1 dia antes da minha filiação no Patriota é que surgiu o convite. Eu agradeci mas já havia fechado com o Patriota. #bolsonaro2018”, escreveu Frota no Twitter.

Na mesma data, poucas horas depois, ele publicou: “E aí, Bolsonaro nosso presidente em 2018. Eu vou votar e apoiá-lo”.

Em post de 17 de março do ano passado, Frota fez campanha: “Vamos ajudar a eleger Jair Bolsonaro, o único que pode fazer o Brasil recomeçar”.

Nove dias mais tarde, convocou moradores da capital paranaense a fazer uma recepção para o então candidato em campanha: “Vamos, Curitiba, vamos todos receber Jair Bolsonaro no aeroporto. Dia 28 de março”.

No dia 5 de outubro do ano passado, a dois dias do 1º turno das eleições, Frota manifestava apoio ao então candidato à presidência Jair Bolsonaro.

Em uma postagem, afirmou que “está liberado votar com a camisa do Bolsonaro”. Usou também a hashtag #VemComBolsonaro17.

Já no dia 10 de outubro, Frota escreveu: “Bolsonaro quer prender. [O então candidato a presidente] Bandido Haddad quer soltar. Conta simples”.

Em 2 de novembro do ano passado, já depois de Bolsonaro ter vencido a eleição para presidente, Frota escreveu no Twitter: “Se a equipe do Bolsonaro trabalhar bem e com seriedade e cumprir as promessas de campanha, vamos ter um bom governo. Enquanto isso na Câmara Federal estaremos trabalhando com seriedade”.

Com três meses de governo e um mês de atuação dos deputados, Frota afirmou que agora era considerado “persona non grata no governo Bolsonaro”. De acordo com o deputado, o racha teria acontecido por ele “defender a prisão do [Fabrício] Queiroz”, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

Frota também disse que “pediu o afastamento do senador [Flávio] p ele apenas se defender”.

Frota compartilhou uma entrevista que concedeu e afirmou gostar do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), mas disse que “ele também pegou carona no pai, e como pegou”.

Voltou a criticar o presidente Bolsonaro por conta de Fabrício Queiroz. Frota apontou que Bolsonaro estava irritado com denúncias envolvendo o presidente do PSL, Luciano Bivar.

“Engraçado as denúncias do Queiroz /Flávio/funcionários fantasmas/ isso não irrita o nosso Presidente ? Bolsonaro diz ser insuportável um partido assim , a gente também”, postou o deputado no Twitter.

No final do mês, voltou a criticar o governo, dessa vez por conta da reforma da Previdência. Frota afirmou que o governo estava “sem base” e que precisava “entender que o congresso principalmente a Câmara tem avançado nas pautas “.

“Não iremos jogar fora o que foi construído até agora .Hoje temos um sistema de Presidencialismo mas sem a coalizão. Então as escolhas são feitas”, disse.

No dia 14, compartilhou uma reportagem do G1 sobre o segundo turno da votação da Previdência, que ficaria apenas para agosto. Na ocasião, além da reportagem, comentou que “o governo Bolsonaro precisa entender que vem aí o segundo turno da Prev. e muitas outras pautas importantes”.

“Está na hora do Bolsonaro dar valor ao congresso e respeitar os deputados que fizeram um grande trabalho aprovando a previdência”, postou.

No dia 19, compartilhou uma entrevista concedida à revista “Época”, cujo título continha uma frase sua: “Bolsonaro é minha maior decepção”.

Na entrevista, perguntado o que achava de Jair Bolsonaro, o deputado respondeu: “Eu conheço dois Bolsonaros. O meu amigo, até o dia da eleição, e outro, presidente. Prefiro não falar mais.”

Já no primeiro dia do mês, o deputado se posicionou contra a nomeação de Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador nos Estados Unidos. Frota publicou um artigo assinado por ele, intitulado “Por que sou contra o Eduardo Bolsonaro em Washington”.

Nas redes sociais, Frota compartilhou reportagens e entrevistas suas sobre o assunto. Disse ainda que estava “torcendo muito que ele vá para os EUA e leve a turma FG Martins [Filipe Martins, assessor de assuntos internacionais da presidência], Leticia Cartel [Leticia Catani, ex-diretora da Apex] e cia.”

No dia 7 de agosto, o deputado se absteve na votação em segundo turno da reforma da Previdência, após ter sido retirado da vice-liderança do partido. Na ocasião, disse que o governo “não tinha necessidade mais que eu votasse naquele momento com eles”.

“Quando eu cheguei aqui [na Câmara], o Luciano Bivar [presidente do PSL] me informou que eu não era mais o vice-presidente do PSL e que eu estava saindo da coordenação da [reforma] Tributária, que eu tinha sido convidado por ele mesmo devido ao sucesso que tive na da Previdência. Além disso, que eu tinha perdido os meus três diretórios, inclusive o da minha cidade de Cotia”, afirmou na ocasião.

Frota disse que a retirada das posições tenha sido feita a pedido do presidente Bolsonaro.

O mal-estar culminou com a expulsão do deputado nesta terça. Ele tem propostas para compor outras legendas, como PSDB e DEM.

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