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Fim da 1ª fase: Vilões de 'Amor de Mãe' reforçam o elo com o público que anseia por fantasia

Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/amor-de-mae-fim-fase_br_5e76a9f9c5b6eab7794985a8

Em virtude da pandemia de covid-19, as emissoras de TV suspenderam temporariamente suas produções de dramaturgia, interrompendo a exibição de novelas e substituindo-as por reprises ou outros programas. Desta forma, Amor de Mãe teve suas gravações paralisadas em 16/03 e deixa de ser exibida depois do capítulo deste sábado (21) com a promessa de retornar “em nova temporada” assim que a situação se normalizar. Em seu lugar, a Globo exibe a partir de segunda (23) a reprise da novela Fina Estampa (2011-2012).

Repleta de qualidades, com alguns problemas pontuais, Amor de Mãe trouxe novidade para o público noveleiro. Nunca a realidade estética esteve tão presente em um formato de dramaturgia cuja reverência à fantasia é um de seus pilares. Ao optar pela telenovela, o público faz um pacto, sabe que precisará “voar”, por mais que a produção esteja travestida de realidade. Nem a cultuada Vale Tudo (1988), ao escancarar a corrupção do brasileiro, abriu mão da fantasia e desvencilhou-se de ser o que é.

Amor de Mãe exibe cenários e figurinos como se estivéssemos olhando o vizinho pela janela de casa. Os ambientes envolvendo os núcleos de Lurdes (Regina Casé), Thelma (Adriana Esteves) e da escola só não são de verdade porque foram construídos dentro dos Estúdios Globo. Realista também é a caracterização e os figurinos de Lurdes, por mais que tenham sido criados especialmente para a personagem. A bolsa a tiracolo, com a sombrinha e a toalhinha, os vestidos floridos e os óculos com fio são reconhecíveis nas ruas.

E foi com esse marketing que Amor de Mãe se vendeu. Indo além: “o vilão é a vida”, afirmou roteirista e diretor-geral no lançamento da novela. Passados mais de cem capítulos, vimos que as coisas não funcionaram bem assim. Por mais que Álvaro (Irandhir Santos) tenha sido alardeado como um tipo “muito humano” de atitudes questionáveis, sua humanidade acabou ficando em segundo plano. Com o passar do tempo, o amor por Verena (Maria) e seu bebê sucumbiram à ambição desmedida, recorrente em qualquer vilão de novela mexicana.

Thelma, desde sempre uma personagem cheia de imperfeições, perdeu todos os freios nas últimas semanas, usando de artimanhas dignas de Carminha e Nazaré Tedesco. Fica a dúvida se tudo já estava planejado ou se a autora Manuela Dias não conseguiu manter a proposta inicial (“o vilão é a vida”) e sucumbiu às exigências da audiência. De toda forma, a novela sempre se manteve em um patamar bom de Ibope, acima dos 30 pontos na Grande São Paulo. Não é um estouro, mas tem um público fiel e repercute positivamente.

A vilã maniqueísta em nada desabona Amor de Mãe, pelo contrário, apenas reforça o elo com o público que anseia pela fantasia, por mais que a capa seja a realidade. Com o fim da primeira fase, despedimo-nos da direção e texto irrepreensíveis e dos personagens e interpretações emocionantes: Regina Casé (Lurdes), Adriana Esteves (Thelma), Taís Araújo (Vitória), Irandhir Santos (Álvaro), Jessica Ellen (Camila), Malu Galli (Lídia), Arietha Corrêa (Leila), Clarissa Pinheiro (Penha), Enrique Diaz (Durval), Isabel Teixeira (Jane) e tantos outros. Que voltem logo. Breve!

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