Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/onyx-mandetta_br_5e8f9687c5b6458ae2a613b4
O vazamento de uma conversa em que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, apoia a saída do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, do governo, causou mal estar no DEM, partido ao qual os dois são filiados. O presidente Jair Bolsonaro ameaça há semanas demitir o titular da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a CNN, Lorenzoni, e o deputado federal Osmar Terra conversaram na manhã desta quinta-feira (9) sobre a substituição de Mandetta. “Ele (Mandetta) não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo”, disse o democrata, de acordo com a emissora de TV.
No diálogo com um dos cotados para a pasta da Saúde, Onyx também defende que Bolsonaro tivesse demitido Mandetta no início da semana e criticou o discurso feito pelo correligionário na última segunda-feira (6), o “dia do fico” do ortopedista.
Conquistar a simpatia de Onyx foi fundamental para Mandetta ser chamado para o governo, em 2018.
Em nota, o líder do DEM na Câmara dos Deputados, Efraim Filho (DEM-PB), afirmou que a conversa abala o partido. ″É um episódio que impacta na bancada do Democratas. Gera um ruído péssimo, já que todos tínhamos nos mobilizado para dar suporte ao Mandetta na crise da Pandemia. E assim continuaremos. Se trata um diálogo pessoal que não nos cabe avaliar a conduta de cada um. A bancada vai olhar pra frente e focar no trabalho para salvar vidas e empregos”, disse.
Nesta quarta-feira (8), o presidente falou pela primeira vez após o vaivém na demissão do ministro da Saúde. Em entrevista à Band, disse que está tudo acertado entre os dois. “Até em casa, a gente tem problema muitas vezes com a esposa, com o esposo, né? É comum acontecer no momento em que todo mundo está estressado de tanto trabalho, eu estou, ele está. Mas foi tudo acertado, sem problema nenhum, segue a vida”, disse.
No domingo (5), o presidente havia indiretamente ameaçado o ministro de demissão. Ele afirmou que “algumas pessoas” do governo “viraram estrelas e falam pelos cotovelos”, acrescentou ainda que não teme “usar a caneta contra eles”. Dias antes, na quinta (2), Bolsonaro havia afirmado que Mandetta deveria ter “mais humildade” e que nenhum de seus ministros é “indemissível”.
A expectativa na segunda era da demissão de Mandetta — o que quase aconteceu. Bolsonaro, porém, cedeu a pressão política e o ministro ficou. Apenas nesta quarta os dois conversaram sozinhos a portas fechadas.
Após o encontro, o ministro da Saúde baixou o tom contra o presidente. Afirmou que Bolsonaro entende que há situações complexas para o uso da cloroquina. A prescrição do medicamento é um dos pontos de tensão entre os dois.
Em entrevista coletiva, ao falar sobre o uso da cloroquina no combate ao coronavírus, Mandetta disse: “Quem comanda esse time é o presidente Bolsonaro”. O ministro falou claramente que os problemas entre ele e o presidente foram públicos, mas minimizou a crise.
Na segunda, quando anunciou que permaneceria no ministério, Mandetta disse esperar ter paz para continuar a trabalhar com ciência e técnica. “Vamos fazer pela ciência. Não vamos perder o foco. Ciência, disciplina, planejamento, foco. Esses barulhos que vêm ao lado, esquece”, disse.