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Indústria abrirá mais vagas nas áreas de TI e dados até 2023

O engenheiro eletrônico Sávio Vieira Silva Moura, 27 anos, sempre gostou de tecnologia e eletrônica, por isso resolveu investir na área logo cedo, aos 17 anos, ao iniciar um curso técnico de eletrônica industrial.

Mesmo apaixonado pela área, Moura afirma que a dedicação não foi apenas por amor. Ele viu que a carreira tinha potencial e que se tornaria uma profissão longínqua, por isso resolveu investir. 

“Sempre gostei de tecnologia no sentido da inovação. É fascinante acompanhar tudo o que é possível desenvolver e ver as soluções que criamos, mas confesso que, se lá no início eu percebesse que não haveria oportunidade de crescimento ou campo de atuação, mudaria de área e buscaria formação em outra, mesmo gostando tanto”, diz.

A aposta de Moura foi certeira. De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Confederação Nacional da Indústria (CNI), profissões ligadas à tecnologia estão entre as que mais vão crescer nos próximos anos.

Entre os destaques do levantamento, estão: condutor de processos robotizados (estima-se 22,4% de aumento nas vagas disponíveis, enquanto o crescimento médio projetado para as ocupações industriais será de cerca de 8,5%); técnicos em mecânica veicular (19,9%), engenheiros ambientais e afins (19,4%), pesquisadores de engenharia e tecnologia (17,9%) e profissionais de planejamento, programação e controles logísticos (17,3%).

Segundo Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai, as áreas de inteligência artificial, armazenamento (big data) e processamento de informações estarão em alta na indústria nos próximos anos.

“Enquanto na terceira revolução industrial o impacto foi gerado pelo surgimento do chip, na quarta é a vez dos algoritmos que trarão muita capacidade para processar informações”, comenta.

Lucchesi destaca que a indústria estará bastante focada na criação de ferramentas de digitalização e em tecnologias que façam os robôs se comunicarem entre si.

“Teremos 10 vezes mais informações a cada ciclo de negócios, por isso profissionais ligados à segurança cibernética serão muito requisitados”, diz.

Logística e transportes estarão em alta para formação técnica

O Mapa também apontou as formações técnicas que trarão mais oportunidades para os profissionais: logística e transporte. Ambas exigirão a capacitação de 495.161 trabalhadores nos próximos três anos.

Outras apostas são: metalmecânica, que vai precisar qualificar 217.703 pessoas, energia e telecomunicações (181.434), eletroeletrônica (160.409), informática (160.027) e construção (120.924).

Edson Carli, CEO da Eu2B, plataforma educacional de carreiras, acredita muito na continuidade das ofertas de trabalho na área técnica.

“Posso atuar 20 anos na área da minha formação, sem buscar um curso superior. No entanto, não posso ficar parado. Preciso buscar atualização e qualificação constante”, frisa.

Carli ressalta que há profissões técnicas com alto nível de especialização que não exigem nível superior. Ele cita: automação e robótica, manutenção em todos os níveis – afinal, máquina quebra, segundo ele –, sustentabilidade (reciclagem, reutilização etc.), segurança, meio ambiente e saúde.

“São áreas que atendem perfeitamente pessoas das classes B-, C e D+ e que podem se valer muito da formação técnica. ”

Conhecer o mercado de trabalho, qualificar-se adequadamente e se manter atualizado por meio de cursos de aperfeiçoamento são maneiras de aumentar as chances de conseguir e manter um emprego, de acordo com Lucchesi.

“É importante também que as pessoas conheçam as tendências para, se desejarem, adequar seus projetos de vida às necessidades do mundo do trabalho”, avalia Lucchesi.

Nas áreas que exigem nível superior, estão: informática (368.057), gestão (254.811), construção (80.992), metalomecânica (56.437) e produção (40.283).

Qualificação constante será a palavra de ordem a partir de agora

O levantamento também apontou as ocupações em alta que exigirão qualificação profissional constante nos próximos três anos.

Entre elas, estão: preparadores e operadores de máquinas-ferramenta convencionais (232.094 profissionais a serem qualificados no período de três anos), operadores de máquinas para costura de peças do vestuário (195.016), mecânicos de manutenção de máquinas industriais (177.335), mecânicos de manutenção de veículos automotores (140.263), montadores de equipamentos eletroeletrônicos (128.751) e padeiros, confeiteiros e afins (122.076).

Para o diretor-geral do Senai, caberá ao profissional buscar mecanismos para se defender do futuro.

“Um profissional que é eletricista há 40 anos e está sempre indo atrás de novidades e de qualificação, certamente terá mais condições de disputa do que quem não for atrás de informação.”

O engenheiro Moura, que abriu a nossa reportagem, considera o seu trabalho um hobby, por gostar tanto do que faz, mas diz que sabe dos desafios que envolvem a atuação na área de tecnologia.

“É necessária uma atualização constante. É prazeroso e desafiador estar por dentro de como funciona a tecnologia. Afinal, a maioria usa, mas não sabe como funciona, mas é preciso acompanhar tudo e estudar, mesmo que o curso não dê um diploma.”

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