Os bombardeios perto de uma grande instalação administrada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) em Trípoli, capital da Líbia, na quinta-feira (2), provocaram profunda preocupação pela segurança dos refugiados e requerentes de refúgio no país.
Após notícias de que três morteiros caíram perto do seu Centro de Acolhimento e Partidas (GDF), Jean-Paul Cavalieri, chefe de missão do ACNUR para a Líbia, emitiu um comunicado pedindo que todos os lados do conflito no país protejam civis e a infraestrutura civil.
“Felizmente os ataques não provocaram mortes”, declarou.
Desde a queda do presidente Muammar Kadafi em 2011, a Líbia está sofrendo instabilidade e colapso econômico, apesar de suas grandes reservas de petróleo.
Milhares foram mortos em combates entre facções do auto-denominado Exército Nacional da Líbia (LNA) comandado por Khalifa Haftar, com sede no leste, e o governo reconhecido internacionalmente, com sede em Trípoli. As forças do LNA sitiaram a periferia do sul da capital por mais de seis meses.
No sábado, Ghassan Salamé, chefe da Missão de Apoio da ONU no país, UNSMIL, emitiu um comunicado condenando recentes ataques aéreos em três locais no oeste, que visavam instalações civis e deixaram pelo menos três pessoas mortas e várias outras feridas.
Cavalieri disse que as autoridades líbias permitiram que o ACNUR e seu parceiro, a LibAid, operassem serviços no GDF desde que este foi inaugurado em dezembro de 2018.
“O GDF foi criado para hospedar refugiados que foram identificados para uma solução fora da Líbia, enquanto aguardam sua retirada”, explicou. “Com quase 1.000 pessoas hospedadas no local, incluindo grupos de cerca de 900 pessoas que entraram espontaneamente desde julho, a unidade está superlotada e não funciona mais como centro de trânsito”.
Enquanto isso, a UNSMIL enviou uma série de tweets nesta sexta-feira (3), dando boas-vindas ao anúncio de um grupo de ativistas no leste da Líbia de encerramento de hostilidades.
“Esta iniciativa e outros apelos anteriores de vários parlamentares e outros grupos políticos, sociais e da sociedade civil devem ser apoiados e incentivados a facilitar o retorno a uma solução política”, twittou a missão.
Segundo a missão, essas iniciativas demonstram o compromisso do povo líbio de “interromper o derramamento de sangue; promover direitos humanos; estabelecer o Estado de Direito; e construir um Estado inclusivo e unido para todos os líbios”.
Em um desenvolvimento relacionado, o Parlamento turco aprovou na quinta-feira (2) um mandato para enviar tropas para a Líbia para intervir na guerra civil, observando que a Turquia é aliada ao Governo de Acordo Nacional da Líbia, apoiado pela ONU.