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Mais de 65 mil pessoas morreram por covid-19 no Brasil; infectados passam de 1,6 milhão

Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/mortes-covid-19-6-julho_br_5f03603cc5b612083c5fe3fd

O total de mortes por covid-19 no Brasil chegou a 65.487 nesta segunda-feira (6), de acordo com levantamento divulgado pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), com dados compilados até às 18h. São 620 a mais em 24 horas. Os casos confirmados, por sua vez, somam 1.623.284, o equivalente a 20.229 além dos contabilizados no balanço de domingo (5). 

Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera o ranking de mortes, com 16.134 óbitos, seguido pelo Rio de Janeiro (10.698), Ceará (6.481), Pernambuco (5.163) e Pará (5.105).

Na comparação internacional, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos e é o segundo país com mais mortes causadas pela covid-19, de acordo com o mapeamento do Centro de Recursos de Coronavírus da Universidade Johns Hopkins. 

Os dois países repetem as posições também em relação aos diagnósticos. Em território americano, foram registrados 2,8 milhões de casos. A diferença das taxas de testagem entre os dois países – 37.188 testes por milhão de habitantes nos EUA e 8.737 por milhão de habitantes no Brasil – por sua vez, é uma evidência da subnotificação da crise sanitária no cenário brasileiro.

O novo coronavírus já causou mais de 535 mil óbitos no mundo. São cerca de 11,4 milhões de casos confirmados, de acordo com dados atualizados nesta segunda.

A evolução da pandemia no Brasil

Os gráficos epidemiológicos brasileiros nas últimas semanas assumem aos poucos a forma de platô, em vez de um pico de casos e mortes. “Com passar das últimas semanas, existe uma certa estabilização do total de mortes, independentemente do crescimento”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, na última semana.

A previsão da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) é que o ápice da da pandemia no Brasil será em agosto

Dentro do País, o alerta de especialistas é principalmente para as regiões Sul e Centro-Oeste. A edição mais recente do relatório do InfoGripe, divulgado semanalmente pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), mostra que todos estados no Sul mantiveram o crescimento do número de pessoas internadas com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Além disso, todas as regiões do País apresentaram números de casos e de mortes muito altos de hospitalizações por SRAG. A maioria foi confirmada com covid-19.

Até 27 de junho, foram reportadas 226.325 internações por SRAG. Desse total, 106.437 (47,0%) tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 67.746 (29,9%) foram negativos e ao menos 36.679 (16,2%) aguardavam resultado. Dentre os positivos, 95,8% eram Sars-CoV-2, o novo coronavírus.

Para fins de comparação, o total de registros de hospitalizações ou óbitos no sistema de vigilância em 2020 é de 338.272. Considerando o atraso de oportunidade de digitação, a estimativa é de que o número atual seja cerca de 396 mil casos. Durante o surto de Influenza H1N1 em 2009, o pior da série histórica, foram 202.529 casos notificados com os mesmos critérios, de acordo com o boletim do InfoGripe.

Quanto aos óbitos, foram registrados 53.866 por SRAG no ano, sendo 35.191 (65,3%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 12.852 (23,9%) negativos, e ao menos 2.586 (4,8%) aguardando resultado. Dentre os positivos, 98,8% eram por covid-19.

Persiste também a interiorização da pandemia no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, até 27 de junho, 5.021 municípios ( 90,1%) registraram casos do novo coronavírus e 2.551 (45,8%) tiveram óbitos. Em 18 de junho, eram 4.590 municípios com casos e 2.165 com mortes.

A previsão da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) é que o ápice da da pandemia no Brasil será em agosto.   

Flexibilização aumenta transmissão

Estados que flexibilizaram o isolamento social em junho já enfrentam um aumento de casos ou de óbitos por covid-19. Na contramão do que dizem os pesquisadores e sanitaristas, o Ministério da Saúde, evitar relacionar os fatos. O secretário de Vigilância diz que não é possível afirmar categoricamente que o aumento de casos é “reflexo direto de uma decisão do gestor local [por reabertura das atividades econômicas]”. 

A pasta publicou em junho uma portaria com orientações para retomada das atividades. O documento não inclui critérios como ocupação dos hospitais ou situação epidemiológica para decidir flexibilização do isolamento, nem segue orientações da OMS (Organização Mundial da Sáude). 

Um estudo feito por pesquisadores da Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade, por sua vez, identificou que houve diminuição da taxa de transmissão maior nos estados que não flexibilizaram o isolamento. De acordo com a pesquisa, os melhores resultados foram observados onde houve adoção do lockdown.

Mais gente ficou em casa nos estados cujas ações governamentais foram mais restritivas, como Amapá, Bahia, Ceará, Maranhão e Mato Grosso.  

Subnotificação da pandemia

Em junho, houve uma série de idas e vindas na forma de divulgação dos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde. Após atrasar o horário de envio dos dados, a pasta deixou de informar o acumulado de mortes e diagnósticos em 5 de junho. A divulgação regular só foi retomada em 9 de junho, após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

A pasta também chegou a anunciar que adotaria uma nova metodologia, com boletins diários de óbitos ocorridos nas últimas 24 horas e não confirmados. Na prática, ela inviabiliza uma comparação com os dados anteriores, dificultando a compreensão da evolução da pandemia no Brasil. Ela também atrapalha a comparação dos números com outros países, por adotar critérios distintos do resto do mundo. A mudança, contudo, não foi colocada em prática até agora.

Há uma atraso entre o dia em que a morte ocorreu e o dia em que essa informação foi confirmada em laboratório que pode ser superior a um mês. Por esse motivo, para fins de entender a curva epidemiológica e viabilizar comparações, os países têm disponibilizado os dados dos óbitos por data de confirmação.

Com a mudança de critério pelo governo federal, as “novas mortes” serão menores. Na prática, a medida também evita notícias negativas sobre recordes de óbitos diários. Integrantes do governo de Jair Bolsonaro, especialmente a ala militar, têm criticado esse tipo de cobertura jornalística.

No final do mês, o Ministério da Saúde anunciou que a notificação de casos do novo coronavírus poderia ser feita pelo médico apenas por critérios clínicos, sem esperar o resultado laboratorial. Na prática, a mudança pode ser um incentivo a menos para aplicação de testes RT-PCR (moleculares), forma mais precisa de diagnóstico.

De acordo com painel do próprio ministério, até 2 de julho, foram distribuídos 3,8 milhões de testes RT-PCR. Após essa etapa, também há entraves até o resultado do exame. Como o HuffPost vem noticiando, a lentidão no processamento de testes laboratoriais, que detectam tanto a causa da morte quanto se a pessoa foi contaminada, leva a um atraso nos dados oficiais.

Há uma subnotificação de casos confirmados ainda maior devido à limitação de testes de diagnóstico. Na prática, o exame tem sido direcionado apenas aos casos graves. A baixa testagem é um dos entraves apontados por sanitaristas para a flexibilização do isolamento social. 

Segundo balanço apresentado em 4 de junho, 1.085.891 exames do tipo moleculares RT-PCR foram realizados, sendo 556.094 processados em laboratórios públicos e 529.797 na rede particular. Na rede pública, 74,1% são analisados em até 5 dias, de acordo com o ministério.

O levantamento inclui ainda outros 748.916 testes rápidos, que identificam se a pessoa tem anticorpos para o novo coronavírus. Os testes moleculares informam se a pessoa está infectada naquele momento. Segundo o painel do ministério, até 15 de junho, 7,5 milhões de exames desse tipo foram distribuídos.

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