Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/medellin-o-que-fazer_br_5e26038ac5b674e44b9c67e3
Nas minhas últimas férias, fiquei duas semanas na Colômbia e Medellín foi o último lugar que eu conheci. Antes de chegar à cidade, vários colombianos me disseram que era um local de outro mundo e que eu ia ficar encantada com a região. Foi isso mesmo que aconteceu.
Medellín é bonita, organizada, tem muita vida cultural e um ótimo clima, mas o mais impactante é a história de transformação social que a cidade viveu nos últimos 30 anos.
A região ainda convive com muitas marcas do conflito armado, incluindo um museu inteiramente dedicado ao tema.
Há um reconhecimento desse passado doloroso por parte da população, mas também há um esforço muito grande do poder público e de diversas organizações para afastar essa ideia de que Medellín é palco de uma guerra.
E qual foi a estratégia que eles utilizaram para isso? Criar ferramenta de democratização do acesso à cidade.
O Parque de La Luz, por exemplo é uma praça antes conhecida como ponto para tráfico de drogas. Ela foi revitalizada e hoje conta com uma biblioteca pública super bonita.
As ruas do centro da cidade, por exemplo, contam com piso tátil que melhora a acessibilidade para as pessoas com deficiência e o sistema de transporte público também faz parte dessa transformação urbanística que prioriza a cidade para as pessoas.
Diante do meu encantamento com Medellín, separei aqui algumas dicas que vão te ajudar na hora de visitar a cidade:
Hospedagem
O bairro mais popular entre turistas é El Poblado, mas fiquei em Laurelles, que é mais “vida real” e tem muitos cafés e restaurantes bem legais. Com o metrô é muito fácil se locomover por toda a cidade, então você não precisa se preocupar isso. Poblado é mais badalado. Se o foco da sua viagem for experimentar a vida noturna, pode ser uma opção melhor investir nos hotéis da região.
Transporte até o aeroporto
A maioria dos voos chega no aeroporto José María Córdova, que fica a uns 30 km da cidade de Medellín. Há um serviço de ônibus que custa o equivalente a R$ 10 por pessoa. O ponto na cidade é o Centro Comercial San Diego, perto da estação de metrô. O mesmo trajeto entre centro e aeroporto custa cerca de R$ 60 de táxi ou Uber.
Transporte em geral
O metrô é quase uma atração turística da cidade. (Em uma das estações de metrô tem até uma biblioteca <3 ). Ele foi construído há cerca de 30 anos, com ajuda de um financiamento internacional e faz parte do processo de democratização da cidade.
Os vagões são integrados a um sistema chamado “metrocable”, que é tipo um bondinho e que você usa para poder chegar aos bairros que ficam no alto do morro (Medellín está localizada num vale). Vale a pena pegar um desses bondinhos só para ver a vista lá de cima, dentro da estação do metrô mesmo.
Outra coisa que me chamou a atenção: é surreal como as pessoas são educadas nos vagões. Ninguém nem come dentro do metrô. As pessoas oferecem o lugar para quem tem prioridade. E quem está do lado de fora espera os passageiros saírem do trem para poder entrar.
Museus
O Museu da Antioquia é onde ficam as obras do artista Fernando Botero. O prédio está localizado na Praça Botero, onde também estão espalhadas as esculturas. A praça é bem na região central, no Bairro Candelária. E rola uma feirinha lá uma vez por mês, no domingo, de antiguidades e outras coisas. Tem um café superfofo no museu que também vale a pena conhecer. Você vai ficar pelo menos uma tarde ou uma manhã para visitar o museu com calma.
O Parque Explora é um museu de ciências. É super-interativo e sensorial, então também é um passeio bem legal para crianças. Algumas atrações são de ilusão de ótica, coisas assim. São cinco salas que explicam temas do tipo: “como o cérebro funciona” ou “como percebemos a passagem do tempo”. Tem uma sala só sobre música também. Ainda, também tem um planetário no mesmo prédio que está aberto para a visitação. Já deu para perceber que o lugar é enorme, né? Eu conheci só as 5 salas e passei uma manhã inteira lá.
O meu preferido foi o Museo Casa de la Memoria, que conta a história da violência em Medellín. É superbonito, com vídeos, áudios, fotos, mapas, tudo sobre as décadas de conflito armado que permearam a história da cidade. Tem depoimentos muito humanos sobre os atentados que aconteceram, sobre as pessoas mortas ou desaparecidas e sobre o processo de reconciliação. Você vai investir entre 2 ou 3 horas para a visita.
Walking tour
Fiz um walking tour excelente pelo centro de Medellín. São 4 horas caminhando pelos pontos de interesse da cidade e dá pra aprender muito sobre o processo de democratização e o combate aos conflitos armados. Você paga quanto quiser para o guia. Fiz o tour por uma agência chamada Real City Tours e só tinha opção de áudios em inglês.
Também fiz um walking tour específico da Comuna 13, que vale super à pena, chamado Zippy. A comuna era considerada uma comunidade muito perigosa e passou por uma transformação social surreal. Hoje tem muita atividade cultural e até escadas rolantes para facilitar o acesso ao morro. O tour é feito por moradores da comunidade e o meu guia levou a gente até a casa dele e contou uma história super-emocionante de como tudo era muito violento antigamente.
Comida
Se prepare: tem muuuuuita comida de rua deliciosa e superbarata em Medellín. Na Comuna 13, é famoso o picolé de manga que você mergulha no suco de limão. Também tem a michelada com pedaços de manga em alguns lugares da cidade, eu provei em La Piedra (monumento que fica próximo à Guatapé). Rola uma comidas estranhas, tipo queijo no iogurte e queijo no chocolate quente. O segundo eu não experimentei, mas o primeiro você encontra em qualquer quiosque de iogurte (tem muitos pela cidade).
O principal prato típico da região se chama bandejapaisa. É um prato feito enorme que tem arroz, feijão, carnes, arepa, abacate, salada etc.
Indico o restaurante que fui jantar e amei, chamado Alambique. Ele fica em El Poblado. É uma culinária mais contemporânea dos pratos colombianos. Comi um prato que chamava “abacates perfeitos” e vinha abacate com queijo, carne, bacon e molho de maracujá por cima. O lugar é charmosinho e tinha drinks ótimos também.
Dá para experimentar várias frutas gostosas e sucos feitos com elas. Uma das mais comuns (e minha preferida) foi o lulo.
Outra comida típica é o buñuelo, um bolinho frito meio salgado, meio doce que custa tipo R$ 1 e vende em todos lugares. E a cerveja especial de lá chama Cordilleras. Tem uns 5 tipos diferentes.
Guatapé
Essa é uma cidadezinha próxima a Medellín superfofa. No caminho dela fica El Peñol, que é uma montanha com uma vista bem bonita. Para chegar até o topo, são 659 degraus, mas vale à pena.
Para chegar lá você pega um ônibus no Terminal Norte (estação Caribe do metrô) em Medellín, que custa cerca de R$ 15 e demora cerca de 1 hora e meia para chegar. Para subir a montanha, o ingresso é cerca de R$ 20.
Depois da visita a El Peñol, peguei um tuk-tuk até Guatapé. Almocei por lá, caminhei pela cidade à tarde e peguei o ônibus de volta para Medellín. Os tickets da volta você pode comprar na hora na estação de ônibus perto da praça central da cidadezinha. Recomendo comprar o ticket assim que você chegar à cidade, assim você garante o seu horário de retorno e fica passeando enquanto o ônibus não chega.
Feria de las flores
Conhecido como o “carnaval de Medellín”, a Feria de las flores é o principal evento da cidade e acontece em agosto. Durante mais de uma semana de comemorações, acontecem diversas atividades com várias atrações, que incluem shows e terminam com um desfile típico de flores. Muitos shows são de graça, mas os maiores (com Maluma e Marc Anthony) você vai precisar comprar os tickets.