Em todo o mundo, a pandemia de COVID-19 está causando uma significativa perda de vidas, interrompendo meios de subsistência e ameaçando os recentes avanços na saúde e o progresso em direção às metas de desenvolvimento global destacadas no relatório World Health Statistics 2020, publicado na quarta-feira (13) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
“A boa notícia é que pessoas de todo o mundo estão vivendo vidas mais longas e saudáveis. A má notícia é que a taxa de progresso é muito lenta para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e será desviada pela COVID-19”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
“A pandemia destaca a necessidade urgente de todos os países investirem em sistemas de saúde e atenção primária à saúde fortes, bem como melhorar a defesa contra surtos como o do novo coronavírus e as muitas outras ameaças à saúde que pessoas em todo o mundo enfrentam diariamente. Os sistemas de saúde e a segurança da saúde são dois lados da mesma moeda.”
O relatório World Health Statistics 2020 é um check-up anual da saúde no mundo: relata os progressos em relação a uma série de indicadores-chave de saúde e serviços de saúde, revelando algumas lições importantes em termos de avanços rumo aos ODS e lacunas a preencher.
A expectativa de vida e a expectativa de vida saudável aumentaram, mas de maneira desigual. Os maiores ganhos foram relatados em países de baixa renda, que viram a expectativa de vida aumentar 21% ou 11 anos entre 2000 e 2016 (em comparação com um aumento de 4% ou 3 anos em países de alta renda).
Um fator de progresso nos países de baixa renda foi o aprimoramento do acesso a serviços para prevenir e tratar o HIV, a malária e a tuberculose, além de várias doenças tropicais negligenciadas, como o verme-da-guiné. Outro foi a melhor assistência à saúde materna e infantil, o que levou a uma redução da mortalidade infantil pela metade entre 2000 e 2018.
Mas em várias áreas, o progresso está parado. A cobertura de imunização pouco aumentou nos últimos anos e há medo de que os ganhos em relação à malária possam ser revertidos. Há uma escassez geral de serviços dentro de um sistema de saúde para prevenir e tratar doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como câncer, diabetes, doenças cardíacas e pulmonares e acidentes vasculares cerebrais. Em 2016, 71% de todas as mortes no mundo foram atribuídas às DCNT, com a maioria dos 15 milhões de mortes prematuras (85%) em países de baixa e média renda.
Esse progresso desigual reflete amplamente as desigualdades no acesso a serviços de saúde de qualidade. Somente entre um terço e metade da população mundial conseguiu obter serviços essenciais de saúde em 2017. A cobertura de serviços nos países de baixa e média renda permanece bem abaixo da cobertura nos países mais ricos; assim como as densidades da força de trabalho em saúde. Em mais de 40% de todos os países, existem menos de dez médicos por 10 mil pessoas. Mais de 55% dos países têm menos de 40 profissionais de enfermagem e obstetrícia por 10 mil pessoas.
A incapacidade de pagar pelos cuidados de saúde é outro grande desafio para muitos. De acordo com as tendências atuais, a OMS estima que este ano, 2020, aproximadamente 1 bilhão de pessoas (quase 13% da população global) gastará pelo menos 10% de seus orçamentos domésticos em cuidados de saúde. A maioria dessas pessoas vive em países de baixa renda média.
“A pandemia da COVID-19 destaca a necessidade de proteger as pessoas contra emergências de saúde, bem como promover a cobertura universal de saúde e populações mais saudáveis para impedir que as pessoas precisem de serviços de saúde por meio de intervenções multissetoriais, como melhorar a higiene e o saneamento básico”, disse Samira Asma, diretora-geral adjunta da OMS.
Em 2017, estima-se que mais da metade (55%) da população global não teve acesso a serviços de saneamento gerenciados com segurança e mais de um quarto (29%) não possuía água potável gerenciada com segurança. No mesmo ano, duas em cada cinco famílias no mundo (40%) careciam de instalações básicas de lavagem das mãos com água e sabão em suas casas.
O relatório também destaca a necessidade de sistemas de dados e informações sobre saúde mais fortes. Capacidades desiguais para coletar e usar estatísticas de saúde precisas, oportunas e comparáveis, comprometem a capacidade dos países de entender as tendências de saúde da população, desenvolver políticas apropriadas, alocar recursos e priorizar intervenções.
Para quase um quinto dos países, mais da metade dos indicadores-chave não possui dados subjacentes primários ou diretos recentes, outro grande desafio para permitir que os países se preparem, previnam e respondam a emergências na área de saúde, como a pandemia em curso. Portanto, a OMS está apoiando os países no fortalecimento dos sistemas de vigilância e dados e informações de saúde, para que possam medir sua situação e gerenciar melhorias.
“A mensagem deste relatório é clara: enquanto o mundo luta contra a pandemia mais séria em 100 anos, a apenas uma década do prazo para os ODS, devemos agir em conjunto para fortalecer a atenção primária à saúde e focar nos mais vulneráveis entre nós, a fim de eliminar as enormes desigualdades que determinam quem vive uma longa e saudável vida e quem não. Só conseguiremos fazer isso ajudando os países a melhorar seus sistemas de dados e informações de saúde”, disse Samira Asma, diretora-geral adjunta da OMS
Nota aos editores
O relatório World Health Statistics é um compilado de publicações e bancos de dados produzidos e mantidos pela OMS ou por grupos das Nações Unidas, dos quais a OMS faz parte, como o Grupo Interagências da ONU para a Estimativa de Mortalidade Infantil.
Além disso, algumas estatísticas derivam de dados produzidos e mantidos por outras organizações internacionais, como o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU e sua Divisão de População. O banco de dados do Observatório Global de Saúde contém detalhes adicionais sobre os indicadores ODS relacionados à saúde, bem como visualizações interativas.