Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/tropas-americanas-iraque_br_5e12215de4b0843d36140b6b
O Parlamento do Irã aprovou neste domingo (5) uma sugestão do primeiro-ministro de que todas as tropas americanas devem deixar o país, após os Estados Unidos terem matado o comandante militar iraniano e o líder de uma milícia iraquiana em Bagdá.
Segundo o governo xiita, que é próximo ao Irã, a resolução aprovada em sessão extraordinária do Parlamento deve cancelar o pedido de assistência de uma coalizão liderada pelos EUA.
“Apesar das dificuldades internas e externas que podemos enfrentar, ainda é melhor para o Iraque em princípio e praticidade”, disse o primeiro-ministro interino, Adel Abdul Mahdi, que renunciou em novembro em meio a protestos nas ruas.
A sessão foi convocada após o ataque aéreo dos EUA que matou o comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Soleimani, arquiteto do projeto iraniano de aumentar sua influência na região, e o líder de milícia iraquiano Abu Mahdi al-Muhandis.
Políticos xiitas rivais, inclusive os que se opõem à influência do Irã, uniram-se em pedir a saída das tropas dos EUA, e o eventual sucessor de Abdul Mahdi deve ter a mesma visão.
Mas um legislador sunita afirmou que as minorias sunita e curda do Iraque temem que a expulsão da coalizão liderada pelos Estados Unidos deixe o país vulnerável à insurgência de militantes, minando a segurança e dando mais poder às milícias xiitas apoiadas pelos iranianos.
A maioria dos legisladores sunitas e curdos boicotaram a sessão especial do Parlamento, e os 168 presentes superaram em apenas três cabeças o quórum exigido.
Congressistas da milícia Asaib Ahl al-Haq, apoiada pelo Irã e que o departamento de Estado norte-americano vai passar a tratar como uma organização terrorista, carregavam retratos de Soleimani e Muhandis. Em vários momentos, os próprios parlamentares entoaram cânticos contra os EUA.
Apesar das décadas de animosidade entre o Irã e os Estados Unidos, as milícias e as tropas dos EUA lutaram do mesmo lado na guerra contra o Estado Islâmico, que durou de 2014 a 2017.
Cerca de 5 mil soldados norte-americanos permanecem no Iraque, a maioria em funções não combativas.
Hadi al-Amiri, favorito a suceder Muhandis, também pediu a saída das tropas dos EUA em procissão de funeral pelos mortos no ataque. Na cidade petrolífera de Basra, dezenas de manifestantes se juntaram perto de uma instalação na empresa norte-americana Exxon Mobil para condenar o ataque.
Dezenas de cidadãos norte-americanos trabalhando para petrolíferas em Basra deixaram o país na sexta-feira, após a embaixada ter pedido que todos os cidadãos saíssem da nação imediatamente.
No Iraque, muitos protestos desde outubro exigem uma mudança completa do sistema político. Eles vêem as elites políticas como subservientes aos EUA e ao Irã.