Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/gilmar-mendes-janot_br_5d8e0623e4b0019647a72749
Em resposta à revelação feita pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, de que planejou matá-lo, o ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Gilmar Mendes sugeriu que Janot “procure ajuda psiquiátrica”.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (27), o magistrado disse ter se mostrado “algo surpreso” com a situação. “Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer”, diz trecho da nota.
Gilmar também afirma que ao falar em se suicidar após o assassinato, Janot visava se livrar da pena e que este ato “seria motivado por oportunismo e covardia”.
No texto, o ministro crítico à atuação de Janot e de vários pontos da Operação Lava-Jato, voltou a criticar o ex-PGR. “Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da Corte Constitucional do País. Recomendo que procure ajuda psiquiátrica”, diz a nota.
Janot disse ao jornal O Estado de São Paulo e à revista Veja que chegou a ir armado ao Supremo com intenção de matar Gilmar Mendes e, em seguida, se matar. A revelação foi feita em entrevistas sobre o livro “Nada menos que tudo”, escrito por Janot com os jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin. A obra será lançada pela Editora Planeta.
O ex-PGR disse que, em maio de 2017, planejou dar um tiro na cabeça do ministro e depois tirar a própria vida. Ele conta ter chegado armado à sala reservada onde os ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a engatilhou, mas desistiu.
“Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de 2 metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte. Depois disso, chamei meu secretário executivo, disse que não estava passando bem e fui embora. Não sei o que aconteceria se tivesse matado esse porta-voz da iniquidade. Apenas sei que, na sequência, me mataria”, disse Janot à Veja.
Na época, o ministro e o então PGR viviam um embate após Janot pedir ao STF que impedisse Mendes de atuar em um processo que envolvia o empresário Eike Batista. O procurador alegou que a esposa do magistrado, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de advocacia que defendia o empresário.
Foram publicadas então notícias de que a filha de Janot era advogada de empreiteiras envolvidas na Lava-Jato e Janot atribuiu a divulgação a Mendes.