De acordo com o boletim epidemiológico do Observatório da covid-19 nos Quilombos, organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq) e do Instituto Socioambiental (ISA), já são 721 casos de quilombolas contaminados no Brasil e 80 óbitos. A taxa de letalidade entre essa população é de 11,09%, mais que o dobro da média nacional, que está em 4,9%.
Núbia Cristina, coordenadora da Conaq, explica a dificuldade em conter o avanço do vírus nas comunidades. “A pandemia veio mostrar uma ferida que temos há séculos, a falta de aparelhos públicos dentro da comunidade e o descaso da gestão pública, de todas as esferas, com a população negra rural.”
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Além dos contaminados e dos óbitos, o boletim epidemiológico indica que outros 190 quilombolas seguem monitorados, sem a confirmação, ainda, de que estão contaminados. No Brasil, são 934 mil casos e 45 mil mortes.
Enquanto tentam salvar a vida dos contaminados, quilombolas se organizam para prevenir novos casos. Porém, de acordo com Cristina, faltam insumos e itens básicos. “Não temos condições de prevenção e de acompanhamento. Muitas comunidades não têm água e nem estrutura para fortalecer essa política e acabamos desesperados.”
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No Amapá, estado de Cristina, são 14 mortes em decorrência do coronavírus. O Pará é o estado com o maior número de óbitos, 28. Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco possuem 7 mortes cada. Espírito Santo soma 4 falecimentos. Goiás (2), Bahia (2), Rondônia (1), Mato Grosso (1), Ceará (1) e Amazonas (1) completam a lista.