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‘Tenho a PF que não me dá informações’, disse Bolsonaro no vídeo, segundo AGU

Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/bolsonaro-video-reuniao_br_5ebdd590c5b6c9c187417793

Transcrição da reunião ministerial de 22 de abril mostra que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não iria esperar “f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu” e que trocaria a segurança e até o ministro. O trecho tem sido usado por defensores do ex-ministro Sergio Moro como argumento de que o presidente queria interferir na Polícia Federal para proteger sua família.

As falas do presidente constam em manifestação entregue pela AGU (Advocacia-Geral da União) ao ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), como parte do inquérito que apura a veracidade das acusações feitas por Moro contra o presidente.

Moro afirmou ao STF que essa reunião ministerial realizada dois dias antes de o presidente demitir o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e antes de o ex-ministro pedir demissão do cargo indicam o desejo de interferência. O vídeo está nas mãos do ministro Celso de Mello e ele pediu às partes envolvidas que se manifestem sobre a possibilidade de tornar o material público.

A defesa de Moro defende que o material se torne público em sua íntegra. Já a AGU pede que deixe de ser sigiloso apenas trechos relativos à acusação. A AGU cita duas falas do presidente:

“Eu não posso ser surpreendido com as notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações; eu tenho as inteligências das Forças Armadas que não têm informações; a Abin tem os seus problemas, tem algumas informações, só não tem mais porque tá faltando realmente… temos problemas… aparelhamento, etc. A gente não pode viver sem informação. Quem é que nunca ficou atrás da… da… da… porta ouvindo o que seu filho ou filha tá comentando? Tem que ver para depois… depois que ela engravida não adianta falar com ela mais. Tem que ver antes. Depois que o moleque encheu os cornos de droga, não adianta mais falar com ele: já era. E informação é assim. [referência a Nações amigas] Então essa é a preocupação que temos que ter: “a questão estratégia”. E não estamos tendo. E me desculpe o serviço de informação nosso — todos — é uma vergonha, uma vergonha, que eu não sou eu não sou informado, e não dá para trabalhar assim, fica difícil. Por isso, vou interferir. Ponto final. Não é ameaça, não é extrapolação da minha parte. É uma verdade.”

De acordo com documento entregue pela AGU, quase no fim da reunião, após lembrar que determinado veículo de comunicação noticiou  que um irmão tria estado sem máscara em um açougue de Registro (SP) — o que não era verdadeiro —, o presidente afirma:

“Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro oficialmente e não consegui. Isso acabou. Eu não vou esperar f. minha família toda de sacanagem, ou amigo meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura. Vai trocar, se não puder trocar, troca o chefe dele; não pode trocar o chefe, troca o ministro. E ponto final. Não estamos aqui para brincadeira”.

Bolsonaro diz que a íntegra do material contém temas sensíveis à segurança do País.

A AGU faz ressalvas. Destaca, “sem adiantar juízo de valor”, que a propósito da fala “segurança nossa” “importa lembrar que a segurança presidencial é realizada pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência”. Enfatiza que em nenhum momento o presidente menciona as palavras “superintendente”, “diretor-geral”ou “Polícia Federal”.

O que alega a AGU, que representa o presidente, é o mesmo Bolsonaro vem afirmando nos últimos dias. “Eu falo sobre segurança da minha família e dos meus amigos”, disse o presidente na quarta (13). “Eu não falei o nome dele no vídeo. Não existe a palavra Sergio Moro. Eu cobrei a minha segurança pessoal no Rio de Janeiro. A PF não faz minha segurança pessoal, quem faz é o GSI… Quem trata de segurança? O ministro é o Heleno”, afirmou. 

Bolsonaro diz que a íntegra do material contém temas sensíveis à segurança do País. Já Moro diz que o vídeo é de interesse público e e a sociedade não pode ser privada de conhecer seu conteúdo.

“A divulgação do material, na íntegra, comprovará as afirmações do ex-ministro Sérgio Moro a respeito do presidente da República. Por se tratar de uma reunião oficial do governo, a divulgação integral do seu conteúdo caracterizará verdadeira lição cívica, permitindo o escrutínio de seu teor não só neste inquérito policial mas, igualmente, por toda a sociedade”, diz o advogado Rodrigo Sánchez Rios, representante de Moro.

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