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Vovó é uma palavra mágica. É a aventura da aventura

Fonte https://www.huffpostbrasil.com/entry/fatima-fontes_br_5ec6cbb7c5b696850d816354

Fátima e os filhos há mais de 3 décadas.

Minha experiência como mãe é longa. Meu filho mais velho tem 38 anos. Ser mãe, sem dúvida, foi e é a maior aventura da minha vida. Sempre tive o projeto ser mãe, como também queria ser uma cuidadora. Virei psicóloga, que cuida clinicamente há 38 anos, e eu tinha muitos outros sonhos também que tive a felicidade de realizar como o de ser docente. Então, sou professora doutora pela USP. Eu queria dançar dança do ventre e dancei, pratico kite surfe, treino diariamente. Tinha um grande sonho de falar 5 línguas até os 50 anos e consegui; sou poliglota também. 

Sempre mantive acesos os meus desejos. Mas a maior aventura da minha vida foi seguir essa pegada de ser mãe. E ser mãe é uma tarefa que, sem ajuda, nenhuma mulher consegue desenvolver — e eu tive mulheres maravilhosas que me ajudaram, um marido que foi pai junto comigo sendo mãe. Então a primeira parte é isso. É muito bom ser mãe, eu desenvolvi todo o meu papel tendo apoiadoras mulheres e aquele meu grande homem, pai das minhas crianças.

Com o meu filho mais velho, eu aprendi que eu nunca devo desistir de nada. Foi muito difícil engravidar dele porque eu engravidei 2 meses depois de um funcionamento de um DIU. Eu tive um DPP (Descolamento de Placenta Prévia) e nós 2 sobrevivemos. E ele nasce com 38 semanas, prematuro, com várias dificuldades. Eu olhava para ele e não queria dormir, porque eu queria ter certeza de que ele ia viver — e eu descobri que ele continuou vivendo e que nós continuamos vivendo. Então a maior lição que tive com ele é que nunca devemos desistir. 

Fiz muita terapia para eu aprender a falhar, sobretudo no papel idealizado de mãe perfeita.

Quatro anos depois, eu engravidei do segundo filho e foi uma loucura porque quando eu já estava com as contrações fiquei me questionando se eu ia dar conta de amar um segundo filho, pensando se eu ia amar o segundo como eu amei profundamente o primeiro, achava que não ia dar certo essa conta matemática… Descobrir, para nossa alegria, que dá. E que se multiplica e que temos muito amor para dar. Eu não queria ter um filho só, e esse sonho foi realizado também. É muito bom ter 2 filhos, e o melhor de tudo é que a vida prosseguiu e eu ganhei um presente maior que foi me tornar avó. 

Meu filho mais velho, casado há 12 anos, e minha nora, nos deram o melhor presente da vida: 2 netos. Um menino que hoje tem 7 anos e meio e uma menininha maravilhosa que veio feminilizar o nosso mundo, que hoje tem 4 anos e é fantástica. Ser avó é a aventura da aventura.

É um amor que nos atravessa, que nos rouba a cena, a gente não tem mais outro assunto, sonha com eles e se alegra com eles. Eu sou uma avó que brinca, que curte, que fez um treinamento físico de 15 anos para poder sentar, subir, e estar firme na alegria. O que é fantástico é que eles nos olham e dizem essa palavra mágica que é “vovô” e “vovó”. O perigo é que a gente só tem olhos para eles, e a gente não pode esquecer do filho, que é o pai deles, esquecer do resto, do marido, da vida e do outro filho. 

A vovó Fátima ao lado de seus netinhos.

Para mim, conciliar sonhos, carreira e maternagem foi muito difícil. Por isso, faço questão de falar da importância das ajudas. Além disso, fiz muita terapia para eu aprender a falhar, sobretudo no papel idealizado de mãe perfeita.

Me livrei disso com ajuda terapêutica, porque temos que baixar as expectativas e aceitar as próprias limitações que nos foram impostas por não querermos abrir mão de nada.

Faria tudo outra vez e digo que hoje, filhos adultos, netos, não foi trabalho dobrado. É muito bom; ninho vazio, todo mundo cuidando de si…

E quero dizer que pode dar tudo certo.

Fátima Fontes é dona do 19º depoimento do projeto Prazer, Sou Mãe. Ela tem 61 anos, é psicóloga, professora doutora pela USP. Mãe de dois e avó também de dois, multiplica diariamente seu amor materno

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